quinta-feira, 11 de outubro de 2012


Pressionado por Israel e o “crescimento” eleitoral republicano, Obama ordena que Jordânia e Turquia provoquem militarmente a Síria antes das eleições presidenciais ianques

Os últimos dias foram marcados por uma escalada de provocações patrocinadas pela Casa Branca contra a Síria e o Irã. Primeiro, a Turquia deteve uma avião civil da Syrian Air que vinha de Moscou rumo a Damasco sob a acusação falsa de transportar armas para o governo de Bashar Al Assad, em uma clara falsificação já que a Rússia tem uma base militar em Tartus e livre trânsito para o envio de armas e munições para a Síria. Depois, o Pentágono enviou oficialmente 150 estrategistas e assessores militares para a Jordânia, a fim de organizar investidas na fronteira sul do território sírio. O posto avançado militar que está sendo montado na Jordânia poderá ser usado no caso de uma participação mais ativa dos EUA na guerra contra a Síria. A base fica a menos de 56 quilômetros da fronteira e constitui a presença militar ianque mais próxima do país. Agora, acaba de ser noticiando que mais um porta-aviões nuclear ianque chegou ao Golfo Pérsico para entrar em ação diante das supostas “ameaças” sírias e iraquianas. Na semana passada a Casa Branca divulgou que em seis meses espera a queda do governo de Bashar al Assad através da ação dos “rebeldes” mercenários do ELS em ação conjunta com a Jordânia e Turquia, tendo o apoio logístico do Catar, Arábia Saudita e Israel. Todos esses elementos indicam que Obama resolveu endurecer em sua ofensiva militar na região às vésperas das eleições de novembro nos EUA visando justamente retomar a iniciativa política para agradar ainda mais o complexo industrial-militar e os sionistas.

Em tímida resposta a ofensiva política e militar ianque as autoridades sírias acusaram nesta quinta-feira, 11 de outubro, o fantoche primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, de mentir sobre as armas encontradas a bordo de um avião civil sírio proveniente de Moscou e interceptado na quarta-feira, 10/10, pela Turquia: “O primeiro-ministro turco continua com sua série de declarações mentirosas com o objetivo de justificar o comportamento hostil de seu governo em relação à Síria” declarou o ministério sírio das Relações Exteriores em um comunicado no qual desmentiu novamente a presença de armas a bordo do avião. Erdogan, a cabeça do reacionário governo turco e agindo a serviço da OTAN, havia informado que o avião da Syrian Air levava “equipamento e munições” destinados ao ministério da Defesa sírio que foram fornecidos pela agência russa de exportação de armas. O presidente russo, Vladimir Putin, deveria visitar a Turquia no início da próxima semana, mas desmarcou a viagem em um protesto poruque cidadãos russos foram retidos no avião sírio.

Já a Jordânia é o Estado árabe que, junto com o Egito, faz fronteira com Israel, sendo os únicos que assinaram um tratado de paz reconhecendo a existência do enclave sionista. O tema da agressão a Síria dominou recentemente os contatos do chefe do Pentágono, Leon Penetta, em sua visita a Jordânia quando se encontrou em Amã com o rei Abdulah II. Sob o pretexto de reforçar a segurança na fronteira com a Síria diante da chegada de cerca de 140 mil desalojados pelo conflito, os EUA incrementam sua presença militar no país justamente para abrir outra frente de guerra com a Síria. Como parte desta escalada, um grupo de navios de guerra liderados pelo porta-aviões nuclear John Stennis entrou para a poderosa frota que os EUA estacionaram no Oriente Médio a pretexto de “enfrentar as ameaças” do Irã e da Síria. O navio agora está nas águas do Golfo Pérsico e entrou na zona de operações da Quinta Frota, que é responsável por forças navais dos EUA no Golfo Pérsico, Mar Vermelho, Golfo de Aden e na África Oriental. Na véspera do envio do porta-aviões, o chefe do Pentágono declarou que esta era a resposta dos EUA diante da ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz por onde passa grande parte do óleo cru da região devido as sanções impostas pela ONU e a UE. O navio John Stennis se juntou a três outros (USS Abraham Lincoln, USS Enterprise que já está no Golfo de Aden e ao USS Eisenhower que se encontra no litoral do Paquistão para “ajudar” a OTAN no Afeganistão). O grupo de batalha do novo navio da Quinta Frota é composto de 5.500 marinheiros, que consistem em quatro destróieres, um míssil de cruzeiro e um submarino nuclear. Transportam 48 caças F/A-18 Super Hornet, dois esquadrões de helicópteros e vários drones, sendo ainda equipados com cerca de 100 mísseis de cruzeiro Tomahawk de longo alcance. Tamanho poder de destruição prova que o imperialismo ianque esta pronto para a guerra, ainda que sua opção preferencial ainda seja a desestabilização “interna” dos governos do Irã e da Síria vias os “rebeldes” ou a vendida oposição persa.

Por trás de todo esse incremento militar está a pressão de Israel e do complexo industrial-militar. O crescimento artificial da candidatura republicana de Mitt Romney é justamente para tensionar ainda mais Obama a agir o mais rápido possível contra o Irã, não estando descartada totalmente uma intervenção militar na Síria em “ajuda” a Turquia ou a Jordânia. Ainda que a mídia republicana infle descaradamente Romney, já há um acordo para manter Obama em função de o próprio ter conseguido cacifar-se como “falcão” democrata em sua intervenção no Oriente Médio e Norte da África. É verdade que Obama já vinha dando continuidade integral à chamada política “bushiana” da guerra ao terror. As tropas ianques sob a gestão democrata intensificaram suas ações no Iraque e Afeganistão, além da manutenção da prisão de Guantánamo, símbolo maior desta etapa. Mas o fato do “continuísmo” de Obama não lhe dava direito de “reivindicar” um novo mandato à frente da máquina de guerra do imperialismo ianque. Passadas e desfeitas as expectativas da posse em 2009, Obama parecia que teria o destino de um governo “tampão”. Papel historicamente reservado aos democratas “fracos”, como Carter, por exemplo. O determinante para “a virada de jogo” aconteceu na arena internacional, especificamente na “nova” política das intervenções “humanitárias” e “democráticas”, seja na transição pactuada do Egito, seja na guerra civil que foi vitoriosa na Líbia.

Obama está em pleno curso de suas provocações contra o governo Assad na Síria e prepara o embate mais crucial contra o regime dos aiatolás no Irã. Por estas razões políticas de Estado, as duas “alas” da águia imperialista americana o definiram como o próximo presidente ianque. O atual neofalcão chamou para si a responsabilidade de defenestrar os regimes burgueses nacionalistas, adversários de Washington no Oriente Médio e Norte da África. O bombardeio criminoso sobre o povo líbio, as provocações terroristas contra o governo Assad e o anúncio da guerra nuclear contra o Irã, conferiram a Obama o posto de carniceiro imperial, pronto a “combater” pela manutenção da hegemonia militar ianque. O momento é de potenciar os abalados lucros capitalistas com a indústria da guerra, agora rebatizada de cruzada humanitária ou de “revolução árabe”, operação política planejada pelo Pentágono e avalizada pelos cretinos da esquerda revisionista, que comemoraram junto a Obama e a senhora Clinton o assassinato de Kadaffi e neste momento salivam por um mesmo fim para Assad e Mahmoud Ahmadinejad. O acionamento da Turquia e da Jordânia fazem parte desse tabuleiro.

Para a poderosa classe operária norte-americana, fica a lição de superar as ilusões no presidente “humilde e negro” que semeava a expectativa de uma mudança radical na linha ultramonetarista e belicista aplicada nos oito anos de governo Bush. Como parte desse balanço os trabalhadores norte-americanos devem aliar-se aos povos semicoloniais em luta visceral contra o imperialismo, independente do caráter burguês de suas direções nacionalistas. Somente estabelecendo uma frente única incondicional para a derrota militar do “monstro” imperialista, mantendo sua independência de classe, a vanguarda do proletariado mundial poderá credenciar seu projeto histórico socialista, diante do conjunto dos povos oprimidos e da própria humanidade.