terça-feira, 25 de setembro de 2012


ONU promove cerco diplomático ao Irã enquanto Casa Branca impulsiona oposição “democrática” interna contra Ahmadinejad

Começa nesta terça-feira, 25 de setembro, a Assembleia-Geral da ONU, este verdadeiro covil de bandidos a serviço dos interesses das potências capitalistas, como declarou Lênin referindo-se a sua precursora, a antiga Liga das Nações. O tema que mais polarizará a Assembleia será o Irã, já que os EUA e a União Europeia buscam centralizar seus aliados do planeta na ofensiva política e diplomática contra o país persa, visando impor o fim de seu programa nuclear e a liquidação do próprio governo de Ahmadinejad. No lastro da vitória alcançada com a fantasiosa “revolução árabe”, que promoveu com sucesso a transição conservadora no Egito e na Tunísia além de derrubar o regime nacionalista líbio e está impondo a desestabilização do governo da oligarquia Assad na Síria, Obama vai anunciar na ONU seu objetivo de, após sua reeleição em novembro, dar início a sua sanha neocolonialista contra o Irã. Apesar do enclave nazi-sionista de Israel ter como opção preferencial a intervenção militar direta imediata, ao que parece a Casa Branca deseja primeiro construir no Irã um cenário de fortalecimento da oposição interna “reformista” que saia às ruas contra o governo para só então valer-se da suposta repressão desferida por Ahmadinejad sobre os “rebeldes” para atacar o país e apresentar tal medida como mais um capítulo da chamada “Primavera Árabe”.

Lembremos que a oposição “democrática” interna a Ahmadinejad é relativamente forte no país e durante todo o último período da onda de “protestos contra as ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio ainda não entrou em cena. Esse retardamento não é um acaso, o imperialismo e seus agentes internos esperam primeiro enfraquecer ao máximo o regime da oligarquia Assad e ter mais controle da Líbia através de sua balcanização para desferir uma ofensiva direta contra o Irã. Esta ação deve ter como pretexto, como foi nestes dois países, as supostas mobilizações populares “made in USA”. Lembremos que em 2009, o Irã foi palco da chamada “revolução verde”, quando o imperialismo apoiou as manifestações contra Ahmadinejad, acusando-o de fraudar as eleições. Na época, não podendo derrubar o governo iraniano, Washington buscou desestabilizá-lo, apoiando-se em um amplo setor da burguesia iraniana, alinhada em torno da candidatura de Mir Hossein Moussavi, uma caixa de ressonância das pressões imperialistas, turbinada após a campanha midiática contra os resultados eleitorais.

Hoje, a maior força da trama orquestrada no lastro da fanstasiosa “revolução árabe” no Irã obviamente não reside no apoio popular à oposição pró-imperialista, já que esta é carente de peso social suficiente para impor a queda do atual governo, mas da fissura crescente dentro da cúpula teocrática, corroída pela sedução imperialista que tem em Obama um poderoso operador. Tanto a situação linha dura xiita quanto a oposição “reformista” buscam uma reaproximação estratégica com o imperialismo ianque. Moussavi – ex-premiê durante a Guerra entre o Irã e o Iraque – foi apoiado nas eleições de 2009 pelo imperialismo ianque, europeu, pelo sionismo e pelos dois ex-presidentes do país que antecederam Ahrmadinejad. Um dos quais, o arquicorrupto empresário e aiatolá Hashemi Rafsanjani, quem detém nada menos que o posto de presidente da Assembleia dos Especialistas, órgão composto por 86 aiatolás com poderes para destituir tanto o líder Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, quanto o Conselho de Discernimento (um colegiado não eleito, que resolve conflitos legislativos entre o parlamento iraniano, o Majlis, e o Conselho dos Guardiães). Ahrmadinejad e Mousavi são respectivamente aríetes de Khamenei e Rafsanjani. Este último, representante da parcela da burguesia que se ressente por ser mantida afastada da globalização econômica pelos setores conhecidos como linha-dura do regime islâmico.

Em 2009, a LIT e o PSTU usaram no Irã o mesmo script “democrático” que agora reproduzem na Síria e antes usaram na Líbia, acusando os que denunciaram a provocação made in CIA como partidários da “ditadura dos aiatolás”. Não se trata de “mera coincidência”... Os cretinos morenistas nos diziam na época: “Uma parte significativa da esquerda defende o governo de Ahmadinejad, classificando os protestos como uma ‘conspiração da CIA’. Dessa forma, acabam defendendo a sangrenta repressão do governo iraniano sobre as massas, alegando que ele reprime o povo para se defender do imperialismo. No entanto, esses setores da esquerda acabam prestando uma valiosa ajuda ao imperialismo, pois jogam em suas mãos a bandeira da defesa das liberdades democráticas. Isso é ainda mais nefasto quando o imperialismo apresenta um novo rosto para a dominação, o de Barack Obama, visto com mais simpatia por setores oprimidos da população”. Como podemos ver, um ataque dos EUA ao Irã contra a “ditadura dos Aiatolás” e em nome dos “direitos humanos e da democracia” deve ter a simpatia da LIT já que assim como na Síria e na Líbia as manifestações pró-imperialistas contra Ahmadinejad devem ser apoiadas, segundo a visão desses cretinos! É preciso recordar que apesar dos“rebeldes” líbios terem sido a força terrestre da OTAN, esses ratos sempre foram saudados pelos morenistas como “revolucionários” assim como o assassinato de Kadaffi pela ação conjunta das caças da OTAN com os mercenários do CNT foi apresentado como uma “vitória das massas”. Por que seria diferente no Irã? A resposta a essa pergunta já foi dada pelos próprios morenistas: em nome da vitória de sua delirante “revolução democrática” a LIT aliou-se abertamente ao imperialismo e suas agressões genocidas contra as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio!

Os revolucionários não são partidários do regime dos Aitolás no Irã, embora reconhecemos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas massas em 1979. Ao mesmo tempo, defendemos integralmente o direito deste país oprimido a possuir todo arsenal militar atômico ao seu alcance. É absolutamente sórdido e cretino que o imperialismo ianque e seus satélites pretendam proibir o acesso à tecnologia atômica aos países que não se alinham com a Casa Branca, quando esta arma “até os dentes” Estados gendarmes como Israel com farta munição atômica. Como marxistas não dissimulamos em um só momento o caráter burguês e obscurantista dos regimes nacionalistas do Irã ou do próprio Hezbollah, braço armado do islamismo mais “radical”. Mas estes fatos em nada mudam a posição comunista diante de uma agressão imperialista contra uma nação oprimida. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o regime dos aiatolás, diante de uma agressão imperialista, utilizando a lógica canalha de que se trata um estado “fundamentalista”, como fazem os bastardos da LIT. É bom lembrar que os marxistas já estabeleceram uma frente única com os aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana. Alentado pelo suposto “êxito” das operações político-militares na Líbia, Obama agora tenta uma vingança contra a humilhação sofrida pelos EUA na desastrosa tentativa de intervenção militar no Irã, ainda sob o governo democrata de Jimmy Carter. Pretende o império em crise econômica, somar para suas empresas as reservas de petróleo do Iraque, Líbia e Irã e assim deter a hegemonia absoluta do controle energético do planeta. Somente idiotas úteis a Casa Branca podem ignorar estes fatos e declarar “solidariedade” às ações militares da OTAN contra os “bárbaros ditadores” que se recusam a aceitar a “democracia made in USA”.