quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Abaixo a ameaça imperialista à soberania do Equador! Liberdade imediata para Bradley Manning, a verdadeira fonte do “Wikileaks”!

Julien Assange, fundador do “Wikileaks”, encontra-se refugiado na embaixada equatoriana em Londres desde o dia 19 de junho por que a qualquer momento pode ser extraditado para a Suécia onde responde por suposto “delito sexual” em um processo eivado de falsificações por agentes da inteligência ianque e britânica. Seria quase que de imediato entregue aos EUA onde será julgado, a mando do Departamento de Estado ianque, em tribunais especiais e militares correndo o risco de ser condenado à prisão perpétua ou até mesmo à morte. Porém, apenas hoje, 16/8, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, confirmou o asilo político, o suficiente para o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, o mesmo que defende a intervenção militar na Síria, vociferar: “Nós não iremos permitir a passagem segura do senhor Assange para fora do Reino Unido, nem há nenhuma base legal para que façamos isso... O Reino Unido não reconhece o princípio do asilo diplomático” (G-1, 16/8), não descartando a possibilidade de uma invasão da embaixada. O “Wikileaks” passou a ser conhecido no mundo inteiro quando divulgou milhares de documentos secretos do Pentágono em 2008, disponibilizados pelo soldado Manning, a verdadeira “fonte” dos “vazamentos”, condição até hoje pouco divulgada pelo próprio Assange. Enquanto isto, fora dos holofotes da mídia, Bradley Manning, após divulgar milhares de documentos secretos do Pentágono, está há mais de dois anos preso e sofrendo toda forma de tortura (física e psicológica) hoje na prisão de Fort Leavenworth: confinado à solitária, sem ascesso aos autos do processo, é mantido nu sob condições climáticas extremas. Esta é a forma que o imperialismo adota para quem ousa se confrontar com seus interesses e denuncia seus crimes: perseguição, prisão e tortura. Manning é utilizado pelo Departamento de Estado americano como “exemplo” de castigo a que estão sujeitos possíveis oponentes do regime.

As ameaças britânicas ao governo equatoriano, que incluem a invasão de sua embaixada em Londres, tem o claro objetivo de intimidá-lo politicamente, ameaçando a soberania do Equador e o direito democrático deste conceder asilo político a Assange. A “diplomacia” de David Cameron deixa bem clara a posição do imperialismo britânico em mensagem ao governo do Equador ao invocar uma “lei interna”: “Devem estar conscientes de que há uma base legal no Reino Unido – a Lei sobre Instalações Diplomáticas e Consulares de 1987 – que nos permitirá tomar medidas para prender o Sr. Assange nas instalações atuais da embaixada” (Diplomatic and Consular Premises Act 1987). Ou seja, esta lei permite a revogação do status diplomático quando for do interesse do governo britânico, desrespeitando qualquer convenção internacional, o que pode abrir um precedente para intervir em outras embaixadas no Reino Unido ou em qualquer outra parte do mundo por força das maiores potências capitalistas, como produto da etapa de recrudescimento militar do imperialismo.

O imperialismo ianque e o britânico tratam de pressionar para que o governo Correa capitule no menor prazo de tempo e entregue Assange para os agentes da repressão a serviço de Downing Street e extraditá-lo para a Suécia e posteriormente para os Estados Unidos. Como todo governo burguês semicolonial, é possível que isto acabe ocorrendo, uma vez que os “bolivarianos” não vão até o fim nos “enfrentamentos” com o imperialismo, como é o caso do governo centro-esquerdista de Chávez na Venezuela que faz importantes concessões a Casa Branca, entregando dirigentes das FARC ao fascista Santos e a CIA em seus operativos de ataque a guerrilha colombiana. A mesma covardia ocorreu no golpe contra Zelaya em Honduras e mais recentemente no Paraguai com Lugo, que não convocou a organização  da resistência.

Os revolucionários não devem depositar nenhuma confiança no governo Correa e na reunião da Unasul, prevista para o dia 19 de agosto para tomar posição a respeito das ameaças ao Equador. Por seu caráter de classe a qualquer momento pode “abrir as portas” da embaixada para que o império tome para si Julian Assange. Apesar de não nutrirmos simpatia pela figura política do líder do “Wikileaks”, quem definitivamente não é um ativista anti-imperialista, ao contrário, antes de ser preso, atuava junto aos conglomerados da imprensa “murdochiana” mais reacionária e corrupta – como o The New York Times, Der Spiegel, The Economist, defendemos seu direito democrático de divulgar os crimes do Pentágono e denunciamos a ameaça à soberania do Equador. É necessário neste exato momento deflagrar uma campanha internacionalista para impedir que o imperialismo sequestre o fundador do “Wikileaks” dentro da embaixada equatoriana em Londres, ao mesmo tempo que devemos denunciar o vergonhoso abandono de Badley Manning por parte do próprio Assange e sua “assessoria jurídica”, exigindo a sua imediata libertação das masmorras ianques.