sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Casa Branca e enclave de Israel propagam política de terror contra o Irã para “desestabilizar” o regime dos aiatolás

Está circulando na internet um documento elaborado pelo Departamento de Estado de Israel que indica para os próximos meses um ataque ao Irã, antes mesmo das eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos, sob o pretexto de “aniquilar a iniciativa nuclear” de Teerã. O ataque poderá ocorrer em curto prazo, após a Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, a ser realizada em setembro, quando ao seu final está prevista uma reunião entre Netanyahu e o neofalcão Barak Obama. Na pauta, a chamada “guerra do século XXI” deve ser o centro da reunião, cujo documento denominado “ataque de pavor e choque” “vazou” de altas patentes militares sionistas. Trata-se de mais uma orquestração criminosa no imenso rol de barbáries cometidas pelo cão de guarda raivoso do imperialismo ianque no Oriente Médio. Em caso de um futuro conflito aberto, obviamente Obama encenará uma “oposição” diplomática a esta “iniciativa” sionista, mas orientada a partir das obscuras salas do Pentágono e seus órgãos de inteligência. De acordo com o “plano” de guerra do Departamento de Estado sionista, haveria uma ação coordenada em diversos ataques. Uma primeira fase abarcaria um ataque cibernético com vistas a paralisar completamente o regime político dos aiatolás, o qual teria “hackeados” a rede de internet, a telefonia, rádios, televisão, satélites de comunicação e cabos de fibras óticas, além de “desabilitar” virtualmente o sistema de lançamento de mísseis subterrâneos localizados em Khorramabad e Isfahan, debilitando a capacidade de reação militar deste país. Segundo o documento supostamente "vazado" estaria inclusa a sabotagem da rede elétrica erguida sobre a fibra de carbono, provocando curto-circuitos em cadeia, o que deixaria o Irã praticamente às escuras. Neste período, dezenas de mísseis com ogivas não-convencionais (com alto poder de destruição) seriam lançadas de navios estacionados no Golfo Pérsico, tendo como alvos sinistros as residências dos cientistas nucleares iranianos e as usinas de beneficiamento do urânio. Concluída esta fase, entra em cena o satélite-radar “azul e branco”, o qual teria a finalidade de mapear o que “sobrou” da infraestrutura do Irã e assim enviar “drones” para completar o que os bombardeios não atingiram.

No entanto, a consecução de uma operação desta envergadura é muito pouco provável num curto período de tempo, mas é uma hipótese que não pode ser de modo algum descartada, uma vez que tal plano faz parte de uma enorme guerra psicológica de terror e isolamento contra o regime político iraniano que precede a intervenção propriamente dita. Demonstra, não obstante, que fora dos chamados “organismos internacionais” como a ONU, o imperialismo está movimentando secretamente suas peças do intricado xadrez da guerra no Oriente Médio. Contudo, para levar a cabo esta guerra é preciso enfrentar a oposição da Rússia e China que almejam uma transição pactuada para a saída de Assad. De concreto mesmo, são as medidas repressivas profiláticas que o enclave de Israel efetiva contra os palestinos, tal como aparece no relatório chamado “Breaking the Silence” (perseguição, espancamento e prisão de jovens palestinos sem um motivo aparente, servindo para difundir o terror na população), a guerra contra a Síria, na qual Washington introduz mercenários e grupos de extermínio e a ofensiva sobre o Hezbollah voltada para neutralizá-lo através de uma operação de guerra no Líbano, como sequencia da chamada “revolução árabe” conduzida por Washington. Ou seja, a Casa Branca em conluio com Tel Aviv, tem como meta eliminar qualquer indício de resistência “interna” a seus planos de guerra de rapina colonialista na região.

Neste quadro, uma intervenção militar iminente pode acontecer contra o regime de Bashar al Assad como uma possibilidade concreta por parte do imperialismo europeu (França e Inglaterra) face às recentes derrotas dos mercenários “rebeldes” na Síria: “Não estamos descartando nada e temos um plano de contingência para uma ampla série de cenários” (G1, 30/8), advertiu o secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, passando por cima das decisões do Conselho de Segurança da ONU – tal como aconteceu durante a guerra contra a Sérvia em 1999 quando a população civil foi brutalmente bombardeada pela OTAN, criando zonas de "exclusão aérea" ou de "segurança", a antessala da intervenção militar direta.

Como podemos ver, tanto o imperialismo ianque como o europeu estão movimentando suas peças, organizando uma verdadeira guerra de rapina colonialista contra a Síria e Irã. Diante desta perspectiva, mais do que nunca os países semicoloniais devem apontar suas armas químicas militares (Síria) e nucleares (Irã) para se defender das tropas invasoras contingenciadas pelo inimigo maior dos povos em todo o planeta: o imperialismo. Este combate deve ser o eixo programático dos marxistas revolucionários, em oposição  a esquerda revisionista que festeja cada bomba que cai sobre a população síria por intermédio dos atentados terroristas concentrados nas mãos dos mercenários “rebeldes” a serviço da Casa Branca.
 
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Minifrente Popular encabeçada por Edmilson Rodrigues (PSOL) e integrada pelo PSTU recebe o apoio de Marina Silva, a nova aposta do imperialismo para o Brasil!

A ex-candidata a Presidente da República pelo PV, Marina Silva, hoje sem partido, acaba de anunciar seu apoio a Edmilson Rodrigues, candidato do PSOL à prefeitura de Belém. O gesto tem um significado profundo no jogo eleitoral burguês. Marina e seu “movimento por uma nova política” estão estreitando os laços com o PSOL visando uma aliança para as eleições presidenciais em 2014, mas seus planos vão além desse objetivo! Na verdade, estamos vendo avançar as articulações para o surgimento de uma nova legenda de centro-esquerda burguesa no espectro político nacional, unindo inicialmente Marina e seu entorno com setores do PSOL que tem peso eleitoral (Ivan Valente, Randolfe Rodrigues, Luciana Genro, Marcelo Freixo, Janira Rocha, Chico Alencar, Milton Temer). Em Maceió, Heloísa Helena, “marineira” de primeira hora, também recebe seu apoio em sua campanha à reeleição como vereadora. Esse processo político está em curso na verdade desde 2010, quando a ex-candidata do PSOL a Presidente da República em 2006 apoiou Marina Silva em 2010 para o mesmo posto e logo depois renunciou à presidência do PSOL para ingressar no seu “movimento” político. Não por acaso, o MTL defendeu o apoio diretamente a Marina, mas quando fracassaram as negociações com o PV, o bloco direitista do PSOL, que desejava vender a legenda para a burguesia, lançou Martiniano Cavalcante como pré-candidato laranja à presidência para facilitar as obscuras negociações da direção do PSOL com os partidos patronais nos estados, abandonando a própria sorte a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio. Essa fase está definitivamente superada! Agora que o PSOL aprovou alianças com todos os partidos burgueses a exceção dos que compõem a oposição demo-tucana (ainda que as tenham concretizado em algumas cidades) estão dadas as condições para o surgimento de uma nova legenda burguesa, havendo ainda a possibilidade minoritária de Marina filiar-se ao PSOL ou o partido indicar um vice na chapa encabeçada por ela em 2014.

Não há grande surpresa na trajetória traçada tanto por Marina como pelo próprio PSOL no último período. Entretanto, o apoio de Marina a Edmilson Rodrigues, ex-prefeito petista de Belém por dois mandatos e que agora se candidata pelo PSOL coligado com o PCdoB e o PSTU revela bem a amplitude desse processo. A frente eleitoral abarca desde Marina, ex-ministra de Lula, passa pelo PCdoB que sustenta o governo Dilma e vai até o PSTU, que se apresenta como a ala “esquerda” da oposição a frente popular petista. Essa amplíssima aliança demonstra o que a LBI já vinha caracterizando há algum tempo: está em curso a formação de uma minifrente popular “alternativa” ao arco de forças comandado pelo PT em aliança com as oligarquias mais reacionárias do país. Trata-se de mais uma ferramenta política do regime político democratizante burguês que está se forjando justamente em um momento em que o PT enfrenta uma crise interna colocando em confronto a ala dilmista palaciana com os setores históricos do partido ligados a um Lula cada vez mais frágil. A condenação de João Paulo Cunha, ligado a Lula e Dirceu, por um STF controlado por ministros indicados nas duas gestões petistas, prova exatamente isso!

O Blog da candidatura de Edmilson assim anuncia o apoio de Marina: “A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é referência nacional e internacional na pauta do meio ambiente, declarou publicamente apoio à candidatura de Edmilson Rodrigues à Prefeitura de Belém, nesta segunda-feira, 27, durante coletiva de imprensa no Hotel Regente, em Belém. ‘O eleitor está aprendendo a diferenciar o candidato que só tem o discurso de sustentabilidade, do candidato que tem histórico coerente com a plataforma de sustentável, que é o Edmilson. Eu sei que o Edmilson tem esse comprometimento porque demonstrou isso quando foi prefeito (entre os anos de 1997 a 2004). Agradeço a oportunidade de estar aqui para apoiá-lo’, ressaltou Marina” (Edmilson50, 28/08). Mas não para por aí e complementa sinalizando claramente por um engajamento no movimento de Marina: “Marina é ex-filiada do Partido dos Trabalhadores (PT), concorreu à Presidência da República pelo Partido Verde (PV), em 2010, quando obteve 20 milhões de votos, e, hoje, sem partido, lidera um movimento nacional de defesa do meio ambiente com crescimento socioeconômico. Marina e Edmilson atuaram juntos no movimento sindical dos professores, nos anos 80. ‘A Marina tem um pensamento estratégico para a construção de um futuro civilizatório, ético e voltado à sustentabilidade”, destacou Edmilson”. (Idem). A identidade política é evidente entre os dois bandos. Marina sabe que as duas gestões burguesas de Edmilson em Belém, quando este ainda era do PT e reprimiu a greve dos professores, o credenciam como um homem de confiança do regime e um importante aliado em seu projeto político nacional de se alçar como a mais nova aposta do imperialismo para o Brasil.

Fingindo-se surpreso e indignado o PSTU logo criticou para o público interno o apoio de Marina ao candidato do PSOL. Em um singelo “comunicado” perdido no seu sítio na internet e nem sequer publicado no blog de seu candidato a vereador em Belém, os morenistas declaram: “É por isso que nós do PSTU, como parte da coligação, não apoiamos Marina e não aceitamos incorporá-la na frente eleitoral de Belém. Defendemos que a aliança seja com a classe trabalhadora e com o povo pobre de nossa cidade, sem a influência da burguesia e de sua ‘sombra’. É preciso que o espaço e a confiança que a classe deposita na frente ‘Belém nas mãos do povo’ seja concretizada em um programa que defenda o meio-ambiente, que se posicione contra o código florestal, aprovado recentemente pelo governo Dilma e, principalmente, que rompa com a burguesia e seus interesses” (PSTU, 27/08). Essa lacônica declaração é uma verdadeira piada que obviamente não arranca risos da militância do partido, já totalmente desmoralizada com a aliança em Belém, ainda mais agora com o apoio de Marina Silva a Edmilson. Primeiro porque na candidatura do PSOL não estão representadas as “sombras” da burguesia e sim os seus mais declarados representantes, a começar pelo próprio Edmilson, que é financiado por empreiteiras, empresas de ônibus e de limpeza urbana. Não por acaso, tem ao seu lado o PCdoB e agora Marina Silva, em uma típica frente popular de novo tipo nos mesmos moldes da montada pelo PT.

Lembremos que o PSTU, cinicamente em nome da “revolução” e recorrendo a citações de Lênin e Trotsky, ingressou na frente popular por vontade própria. Aceitou o PCdoB que tem em suas fileiras o officie-boy dos ruralistas, Aldo Rabelo, que elaborou o famigerado projeto do Código Florestal e sabia perfeitamente que Marina iria apoiar Edmilson. Recordemos mais uma vez que o PSTU está coligado com o PSOL em Maceió, onde Heloísa Helena amarga uma tentativa de reeleição como vereadora e também tem o apoio entusiasta de Marina Silva! A direção do PSTU pode ser acusada de tudo menos de desavisada e ingênua. Para “consumo interno” o PSTU se diz contrário às coligações com partidos patronais, chegando a implorar ao PSOL para “rever” sua política de alianças, enquanto para o “grande público” apoia Edmilson e se coliga com Heloísa Helena, mesmo com o apoio de Marina Silva. Na verdade, a direção nacional do PSTU é defensora da ampliação da política de alianças do partido, rompendo de vez com a velha tradição de formação de frentes unicamente com partidos da “esquerda” pequeno-burguesa. Estamos vendo, a partir da aliança estabelecida em Belém, o “começo do fim” do PSTU enquanto partido que se reivindicava formalmente revolucionário, que a passos largos vai se tornar mais uma legenda “domesticada” da esquerda social-democrata refém do regime democratizante, onde os apetites eleitoralistas, sindicalistas e aparelhistas, já com enorme peso no partido e que corrompem grande parte de sua militância vinculada a essas estruturas, vão esmagar qualquer traço de bolchevismo, ainda que formal, que mantinha até então o PSTU fora das alianças diretas com a burguesia e seus partidos. Os militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção de seu partido devem tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração do PSTU ao regime da democracia dos ricos!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Condenação já definida pelo STF do deputado João Paulo coloca em alerta vermelho a cúpula do PT

De nada adiantou o recuo do ministro Lewandowski ou o voto “companheiro” do ministro Toffoli, o ex-presidente da Câmara dos Deputados , João Paulo Cunha é o primeiro dirigente do PT a ser condenado a prisão no “espetaculoso” julgamento do mensalão pelo STF. João Paulo que atualmente está em seu quinto mandato consecutivo como deputado federal pelo estado de São Paulo, também corre o risco de perder seu mandato, além de ser obrigado a renunciar a sua candidatura a prefeitura da cidade de Osasco. Abrindo a sessão desta quarta-feira (28/08) do STF, o ministro “retirado” César Peluso acompanhou a posição de outros quatro ministros e decidiu condenar o deputado petista a uma pena de seis anos de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e peculato. Peluso foi o único ministro a sentenciar hoje o tempo da condenação dos réus (a chamada dosimetria), em função de sua aposentadoria compulsória ao completar setenta anos na próxima segunda-feira. Na sequência com os votos de Gilmar Mendes e Celso de Mello a sorte de João Paulo já estava selada, e mesmo sem uma condenação de todos os itens que estava sendo imputado pelo Procurador Geral da República sua pena não deverá ser menor que a de seis anos em regime semi-aberto. O ex-metalúrgico, assim como Lula, que virou presidente da Câmara é um dos “capos” da tendência interna petista liderada por Dirceu, o que aponta um quadro tenebroso nos prognósticos da sentença para o “cabeça do mensalão”.

O fato da maioria absoluta dos ministros juízes do STF terem sido nomeados nas duas gerências do PT a frente do Estado burguês, coloca esta disputa sob a responsabilidade direta no campo político da frente popular. A contar que os votos dos ministros “tucanos” do STF são praticamente conhecidos e incapazes de determinar o resultado final, o peso do atual governo petista na corte maior do país é o elemento central desta disputa política interburguesa, revestida de caráter “jurídico”. O cinismo dos ministros do supremo, ao relatarem as cifras financeiras envolvidas no escândalo do “mensalão” como “enormes” (no caso de João Paulo está sendo condenado à prisão pelo recebimento da fortuna... de 50 mil reais) revela que o único interesse deste processo é depurar o PT de suas lideranças mais identificadas com uma trajetória de “esquerda”, ligadas ao movimento de massas. Neste sentido, para um setor da burguesia o “espetaculoso” julgamento do “mensalão” cumpre a função de forjar na figura da presidenta Dilma um novo eixo de projeto de poder, no seio da continuidade da gestão da frente popular.

É evidente que o grande “troféu” do simulacro de julgamento, montado em pleno cenário do STF, é a cabeça de José Dirceu, que representa um PT que exerce o controle direto sobre o movimento operário brasileiro. Uma condenação com pena acima de seis anos pelo STF, significa prisão em regime fechado e sem direito a apelação ou recurso embargatório. Seria um fato extraordinário para a reação deste país enclausurar o ex-guerrilheiro da ALN, que nunca foi torturado durante a ditadura militar, em plena era da “democracia” sob a gestão da frente popular. Para as correntes “lights” do PT, um marco exitoso da vingança política do neomonetarista Palocci e de sua madrinha neoliberal Dilma Rousseff. Por outro ângulo, a prisão de Dirceu, poderia ser uma aposta ariscada em direção à perda do controle do movimento de massas, em uma etapa de grandes incertezas no panorama econômico mundial. Esta “queda de braço” que se desenvolve nas entranhas das classes dominantes, tem na perspectiva da sobrevida de Lula o verdadeiro ponto de equilíbrio.

O proletariado vem assistindo completamente passivo a toda esta disputa de poder burguês, travada nas esferas superiores do Estado capitalista. As atuais greves que ocorrem (principalmente no setor público) se limitam exclusivamente a sua pauta economicista, e no máximo reivindicam um “negocia Dilma”. Há muito tempo o movimento operário, mesmo o setor dirigido pela chamada “oposição de esquerda”, perdeu as características políticas mais abrangentes de suas lutas por melhores condições de vida. Atado a um tradeunismo vulgar, sem construir sua própria alternativa revolucionária diante da crise estrutural do capitalismo, o proletariado vem sendo utilizado como massa de barganha eleitoral pelos diversos partidos reformistas que atuam no universo da legalidade institucional. O triunfo que se delineia no horizonte político, das oligarquias mais conservadoras em aliança com a ala mais direitista do PT, poderá embotar ainda mais a consciência de classe do proletariado. Desta forma, o papel do que restou da vanguarda classista em nosso país é o de demarcação frontal com os dois campos políticos da burguesia em acirrada pugna, com a mesma determinação ideológica de resistência, com que rejeitamos na época do regime militar os partidos do “sim” e do “sim senhor”, encarnados na falsa polarização entre ARENA e MDB.


terça-feira, 28 de agosto de 2012


TRS-LBI denuncia golpe contra a greve geral dos servidores federais e defende desfiliação da CUT no 10º Congresso do SINTSEF-Ceará

Teve início neste dia 28 de agosto o 10º Congresso do SINTSEF-Ceará. Mais de 500 delegados participam da atividade que ocorre em meio à greve geral dos servidores públicos federais. A TRS, tendência sindical impulsionada pela LBI, apresentou tese ao congresso e por meio do companheiro Erialdo Moura, servidor do Ministério da Saúde e militante de nossa corrente, denunciou o golpe que está sendo tramado pelo governo da frente popular e as direções sindicais cutistas contra a paralisação nacional da categoria. Prova disso é que a mídia murdochiana anunciou exatamente hoje que “mais de 90%” dos servidores do Executivo assinarão acordo com o governo federal para encerrar a greve no serviço público federal” aceitando a proposta miserável de reajuste fatiado em três vezes até 2015. Como denunciou o companheiro Erialdo na defesa da tese da TRS-LBI, na vanguarda da traição está a CONDSEF (Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal), que representa 18 categorias do funcionalismo e cuja direção decidiu, sem consultar as bases pelo país, impor o retorno ao trabalho, na segunda-feira, 03 de setembro.

A TRS também defendeu a necessidade de ruptura do SINTSEF-Ceará com a CUT. O rompimento político com esta verdadeira autarquia paraestatal dentro do movimento operário e a não participação da categoria em seus fóruns teve apoio de importantes setores da categoria presente no Congresso. Agora, a tarefa é debater essa proposta nos grupos de discussão e buscar aprová-la na plenária final que ocorrerá nos próximos dias, fazendo desta bandeira de luta uma medida que seja parte integrante de um programa de ação contra a paralisia do movimento sindical e aos duros ataques contra os trabalhadores desferidos pelo governo Dilma. A atual direção do sindicato, um condomínio político que vai de setores cutistas “independentes” até simpatizantes do PSOL-Intersindical, derrotou os pilantroskos do “O Trabalho” nas últimas eleições sindicais, mas segue em uma postura vacilante quanto ao enfrentamento direto contra os ataques do Planalto e o rompimento com sua central chapa branca. Ao não avançar rumo a um programa classista de combate a frente popular e seus agentes, desgraçadamente abre espaços para que a CUT se recomponha na nossa categoria.

Na sua intervenção, o companheiro Erialdo Moura colocou em alto e bom som que o governo da frente popular é nosso inimigo de classe. Prova disso são os inúmeros ataques que estão sendo preparados para satisfazer os interesses da burguesia e do imperialismo em nosso país. Um deles é a restrição ao direito de greve do funcionalismo que o governo Dilma deseja torná-lo ainda mais draconiano do que hoje. Quando da votação da privatização da previdência dos servidores no Congresso Nacional, o governo do PT se aliou ao tucanato para aprovar este ataque, o que deve se repetir na tramitação do direito de greve e sem nenhuma resistência por parte da direção da CUT. Portanto, como ressaltou o militante da TRS em sua fala durante o Congresso, está colocado na ordem do dia rechaçar a traição imposta pela CONDSEF-CUT e manter a greve geral da categoria por tempo indeterminado. É necessário, portanto, neste momento decisivo radicalizar a paralisação como métodos da luta direta, colocando na pauta a reposição das perdas salariais, não à privatização da previdência e pelo direito irrestrito de greve para derrotar a ofensiva do governo Dilma contra os trabalhadores. O método da ação direta é a melhor maneira de se desmascarar politicamente este governo pró-imperialista e seus agentes no interior dos sindicatos, construindo na base do SINTSEF-Ceará uma verdadeira oposição classista aos setores cutistas que dentro e fora da diretoria servem aos planos do governo petista para sabotar a luta dos servidores.

A política traidora de desmobilização adotada pelas atuais direções do movimento do funcionalismo federal, inclusive a Conlutas e a Intersindical, tem levado à desmoralização da categoria e as seguidas derrotas, deixando os trabalhadores cada vez mais reféns da política de arrocho salarial do governo Dilma. Diante desse quadro, é necessário que a categoria do funcionalismo federal rejeite a política de negociações em separado “ad infinitum” por migalhas centradas nos planos de cargos e carreiras e avance na radicalização da greve unificada com objetivo de arrancar um reajuste salarial para todo o funcionalismo federal e um plano único de carreira de todos servidores da União através de um piso que tenha por referência os maiores salários do executivo. Esse é o caminho para derrotar o governo Dilma e seus ataques aos trabalhadores, politizando a luta e denunciando o circo eleitoral da democracia dos ricos que se aproxima, armado para manter os algozes dos trabalhadores na gerência dos governos de plantão!

Lançamento do livro

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Sob pressão de Chávez e Fidel, FARC inicia “negociações de paz” com o facínora Santos

As FARC assinaram neste dia 27 de agosto um acordo para começar as “negociações de paz” com o governo colombiano. Não por acaso, as partes celebraram os termos do pacto em Havana, já que a burocracia cubana e Hugo Chávez foram diretamente responsáveis por conseguir que a guerrilha firmasse com o facínora Manoel Santos, assassino do comandante Afonso Cano, uma “agenda de diálogo” que está voltada a desarmar as FARC, o que na prática significa um verdadeiro suicídio político e militar para a guerrilha. O processo teria sido iniciado em maio deste ano, quando conversas secretas sobre o assunto foram estabelecidas com o acompanhamento dos governos da Colômbia, Venezuela, Cuba e Noruega. Tanto que a próxima reunião do grupo de “reconciliação nacional” será em Oslo, mediada pelo ex-presidente colombiano César Gaviria. Em um comunicado emitido em abril, as FARC haviam anunciado que a “reincorporação na vida civil implica e exige uma Colômbia distinta e que confiamos que esta seja a vontade oficial do governo. Assim, sem dúvidas, poderemos todos desenterrar a paz”. A agenda de negociação entre o governo e as FARC teria seis pontos básicos, porém, pela primeira vez se discutiria assuntos como a desmobilização de guerrilheiros, o fim das hostilidades e a entrega de armas, assuntos que segundo o governo Santos haviam “limitado” no passado as negociações. Como se vê, tal “diálogo” está voltado a por um fim nas FARC. Isolada pelo chavismo, que chegou a entregar vários de seus dirigentes ao próprio governo Santos e suas masmorras, a direção da guerrilha dá passos concretos para fechar um acordo com o governo lacaio dos EUA na América Latina.

Não esqueçamos que dias após os guerrilheiros das FARC terem sido massacrados pelo governo Uribe, cujo ministro da defesa era Manoel Santos, em uma operação militar conjunta com o imperialismo ianque no Equador, Hugo Chávez defendeu que as FARC entreguem as armas: “Que (as Farc) entreguem as armas, que formem um partido político, mas que não lhes matem” (Folha On Line, 07/02/2008). Agora seu “pedido” começa a tornar-se realidade. Tal declaração trata-se de um chamado à completa rendição militar das FARC pela via de um acordo para esta se integrar ao simulacro da democracia burguesa colombiana. A proposta do chavismo tem como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da democracia bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas de forma requentada pelo presidente venezuelano. Ao narcotraficante regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político desarmado, apenas sua extinção. Somando-se ao coro reacionário daqueles que responsabilizam os “métodos” das FARC pela ofensiva militar do governo Colombiano, ou seja, o uso da luta armada e da captura de prisioneiros de guerra, Chávez instigou as FARC a “que humanizem a guerra, que não utilizem o sequestro como uma arma” (Idem). Fidel também aconselhou a guerrilha a libertar incondicionalmente os que continuavam retidos: “Critiquei com energia e franqueza os métodos objetivamente cruéis do sequestro e a retenção de prisioneiros nas condições da selva. Mas não estou sugerindo a ninguém que deponha as armas, se nos últimos 50 anos os que o fizeram não sobreviveram à paz. Se algo me atrevo a sugerir aos guerrilheiros das FARC é simplesmente que declarem por qualquer meio a Cruz Vermelha Internacional a disposição de pôr em liberdade os sequestrados e prisioneiros que ainda estejam em seu poder, sem condição alguma” (Cubadebate, 05/07/08). Neste ano de 2012, o conselho de Fidel foi “atendido”. O Secretariado do Estado Maior Central das FARC anunciou em fevereiro a libertação unilateral de todos os prisioneiros políticos de guerra e decidiu pôr um fim à chamada política de “retenção” de adversários políticos para a obtenção de recursos financeiros. Em seu comunicado as FARC declararam: “Muito se tem falado acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que, a partir desta data proscrevemos a prática delas em nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida pelo nosso Pleno do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte, revogada. É o momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos se sequestra hoje na Colômbia”.

Como se pode constatar, tratam-se claramente de medidas tomadas com o objetivo de buscar o chamado “diálogo” com o facínora governo Santos, no marco de um profundo isolamento político e militar da guerrilha. Ainda que consideremos justo que as FARC tomem medidas de autopreservação neste momento delicado do combate, pois a guerrilha tem todo direito de negociar a liberdade de seus presos políticos através da troca de reféns, definitivamente não é anunciando o fim das “retenções”, a libertação unilateral de todos os prisioneiros políticos de guerra e um “diálogo” que coloca em pauta seu desarmamento, o melhor caminho para se defender dos ataques do genocida regime colombiano, muito menos tendo ilusões de que este possa chegar a algum acordo com a guerrilha que não seja baseado na sua liquidação enquanto força política e militar.

As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC estão sendo tomadas no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo Chávez e de Fidel Castro. A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que afirmamos. Não por acaso, o mesmo Chávez que clama pela deposição das armas pelas FARC tem colaborado vergonhosamente com Santos na perseguição aos quadros políticos e militares da guerrilha, justamente porque o caudilho bolivariano deseja ter as FARC como moeda de troca em seus acordos com a Casa Branca, ainda mais com o agravamento de seu quadro de saúde e diante das eleições presidenciais de outubro.

Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes como a libertação unilateral dos presos políticos e a decretação do fim das “retenções” se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega a senadora Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. Na Colômbia, mais que em qualquer outra parte do mundo, hoje a simples luta sindical contra os patrões e as multinacionais exige a ruptura do proletariado com os limites da legalidade burguesa e a construção de milícias operárias armadas para desarmar os exércitos paramilitares e as escaramuças do aparato repressivo. Não é por acaso, que os mesmos moralistas pequeno-burgueses de “esquerda” se mostram tão preocupados com os danos que os métodos da guerrilha causam à consciência e à organização dos trabalhadores, sejam incapazes de conclamar a organização de milícias operárias para combater o assassinato sistemático de trabalhadores pelos bandos armados burgueses. Isso acontece porque tal tarefa deve ser encabeçada por um genuíno partido trotskista completamente independente da opinião pública burguesa e de sua moral, armado de um programa revolucionário capaz de preparar pacientemente a insurreição das massas colombianas. É vital para o movimento de massas colombiano organizar milícias operárias tão fortes que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias para desarmar o aparato repressivo oficial e paramilitar assassino.

Diante do cerco crescente neste momento de maior fragilidade das FARC, os marxistas revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heróicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Recuo inesperado de Lewandowski revela a luta feroz que se trava no interior da burguesia sobre o futuro do PT

Uma reviravolta surpreendente agitou ainda mais o julgamento conturbado do “mensalão” pelo STF. Trata-se da última parte do voto do ministro Ricardo Lewandowski (agora conhecido como “amerelowski”) inocentando o petista ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha. Lewandowski que na primeira parte de seu voto acompanhou integralmente a posição do relator, Joaquim Barbosa, resolveu no dia posterior dar uma radical guinada e sob a pressão da cúpula petista restituir a “esperança” de uma possível absolvição da quadrilha mensaleira. A drástica mudança do voto de Lewandowski (em nosso blog do dia 22/8 chegamos a noticiar que este seguiria na íntegra o voto do relator) surpreendeu inclusive a equipe dos advogados de defesa do PT, que agora animados já cogitam a anulação de todas as acusações de corrupção (ativa e passiva) para adotar a tese do “caixa 2”. A nova correlação de forças aberta no Supremo aponta uma renhida disputa não só no interior da mais alta corte, mas no próprio seio das classes dominantes com um final ainda indefinido sobre o futuro político do PT.

O ministro Lewandowski foi nomeado por Lula em 2006 e ainda possui vínculos políticos na região do ABC paulista, onde lecionou direito no início de sua carreira. Seu voto sempre foi contabilizado como favorável ao PT, até a última terça-feira (21/08) quando na qualidade de revisor do processo do “mensalão” decidiu seguir o colega Joaquim na tese da corrupção ativa para os réus da esfera “privada” (estão em julgamento 38 réus entre políticos e empresários) do julgamento. A clara propensão demonstrada por Lewandowski em se juntar ao bloco de ministros do Supremo que seguem o comando Palácio do Planalto (a orientação de Dilma é de decepar a cabeça política de José Dirceu) colocou em polvorosa a cúpula petista, obrigando o ex-presidente Lula a telefonar pessoalmente para seu indicado e exigir uma mudança de postura. Agora o relator que já tinha comprado anteriormente a briga com Lewandowski, em função da metodologia adotada no julgamento, prepara sua réplica que deverá ser seguida por uma tréplica do revisor e assim por diante... Em resumo, o julgamento promete se arrastar para depois das eleições municipais, para a felicidade geral do PT e desespero do bloco “conservador” formado entre os tucanos e a presidenta que não é mais o “poste” do Lulismo.

No bojo da burguesia ainda não há um acordo definitivo sobre a melhor alternativa de gerenciamento de seus negócios para o período pós-2014. Um setor da elite dominante defende o retorno de Lula como fator de “segurança social” frente a crise econômica internacional, neste caso a liderança do ex-metalúrgico sobre o movimento de massas serve de estabilidade para o regime político. Outra fração da burguesia deseja seguir com o governo Dilma, que começa a perder sua base social, acalentada pelo curso ainda mais neoliberal que a presidenta impôs a frente popular. Esta segunda alternativa conta com o firme apoio da Casa Branca, que acaudilhou o Brasil em apoio a todas as empreitadas rapineiras do imperialismo na última etapa. Consenso mesmo no seio da burguesia nacional só o de descartar a oposição Demo-Tucana como alternativa política para a próxima gestão estatal. Quanto ao núcleo partidário a ser gestado pela “verde” Marina Silva, ainda é muito cedo para tecer prognósticos eleitorais...

A verdade sobre o “espetaculoso” julgamento do “mensalão” é que o que menos importa neste caso são os desdobramentos jurídicos do processo, trata- se de um tribunal político onde cada voto dos ministros juízes corresponde a um alinhamento de classe dos “ilustres” togados. Nesta queda de braço, que envolve as entranhas do poder republicano, o proletariado deve defender resolutamente a tática do “derrotismo revolucionário” entre os bandos capitalistas corruptos que se enfrentam no STF. Os Marxistas Leninistas devem sim aproveitar a conjuntura que se abre para publicitar amplamente o caminho da ação direta das massas, em completa linha de confronto com as instituições decadentes do Estado burguês. Demonstrar pacientemente à classe operária que somente a revolução socialista poderá livrar o país dos sanguessugas e parasitas do regime vigente, esta é a tarefa que se coloca para os que não se vergaram ao “mito” da democracia como valor universal.


 
A morte de Vargas e o ocaso do nacional-desenvolvimentismo

Neste dia 24 de agosto completou-se 58 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Episódio marcante da história política brasileira, a morte de Vargas ocorreu em meio a uma profunda crise que refletia as contradições do projeto desenvolvimentista de seu governo. Em 1953, a continuidade da política de estímulo à industrialização, uma das principais características do varguismo, começou a sofrer limitações, exigindo a ampliação de investimentos e o aumento das importações de equipamentos e máquinas, o que provocava déficit na balança comercial do país. O mesmo ocorria com a balança de pagamentos, devido à sangria das riquezas nacionais, promovida pelo crescimento das remessas ilegais de lucros pelas empresas estrangeiras que atuavam no país. Esse quadro tornava-se ainda mais grave com a queda dos preços do café no mercado mundial, contribuindo para o declínio da receita externa, o que reacendeu a disputa entre os diferentes setores da burguesia nacional pelas divisas em dólar e pelo controle do Estado burguês a fim de preservar seus interesses. Foi esse o motivo fundamental da crise política que abalou o país nos anos 50 e levou ao suicídio do presidente em agosto de 1954.

A principal força de oposição a Vargas era a União Democrática Nacional (UDN), que expressava os interesses das oligarquias agroexportadoras descontentes com as restrições às importações e à política de controle e confisco cambial, mecanismos que transferiam recurso do setor agrário-exportador para o setor industrial. A UDN também agrupava os estratos superiores da classe média, que temiam a esquerdização e o comunismo. O capital imperialista, que desejava utilizar as divisas do país para a conversão e a emissão de lucros para o exterior, era o aliado mais importante desse partido. O governo Vargas, por sua vez, tinha como base de sustentação o chamado pacto populista, uma espécie de aliança entre a burguesia industrial e as massas trabalhadoras das cidades, incluindo também as facções das oligarquias regionais atreladas ao Estado desde 1930 e setores nacionalistas das Forças Armadas, todos unidos em torno de uma ideologia nacionalista que apresentava o desenvolvimento industrial capitalista como meio de realização de interesses comuns da burguesia e do proletariado.

A burguesia industrial, embora fosse a fração da classe dominante mais diretamente subvencionada pelo Estado, não tinha uma estratégia claramente definida do processo de industrialização. Apesar do significativo crescimento da indústria, que no início da década de 50 já representava 22% da produção nacional, sua expansão dependia da importação de bens de capital. Sentindo-se impotente frente ao capital imperialista, esse setor estava de fato mais interessado em auferir lucros imediatos que na consolidação de uma infra-estrutura econômica capaz de viabilizar um desenvolvimento capitalista independente. O apoio da burguesia industrial ao nacionalismo varguista, portando, estava condicionado à capacidade do governo de manter os incentivos ao crescimento da indústria e o controle político e ideológico sobre as massas trabalhadoras urbanas.

Sob forte pressão da oposição burguesa, Vargas tentou, em primeiro lugar, amenizar a crise política atendendo as exigências de todas as facções burguesas em disputa. Liberou as importações, a entrada e saída de capital e, ao mesmo tempo, aumentou o crédito para a indústria com módicas taxas de juros. Essas medidas, entretanto, além de não saciarem a fome dos bandos capitalistas por consumir os recursos estatais, provocaram o crescimento da inflação, que em 1952 já chegara a 20%, elevando o custo de vida das massas trabalhadoras. Como resposta, e contra a vontade das direções sindicais, em março de 1953, cerca 300 mil operários entraram em greve, em São Paulo, ameaçando ruir as bases do pacto populista sobre o qual se sustentava o governo.

Diante da ascensão das massas como novo elemento da crise e após a tentativa de Getúlio de recuperar suas bases eleitorais junto ao proletariado com a concessão do aumento de 100% do salário mínimo, a burguesia industrial retirou o seu já hesitante apoio ao governo, unindo-se à tradicional oposição udenista e ao imperialismo na preparação de uma saída golpista. Isolado de todas as facções da classe dominante a que tanto havia servido durante anos, o velho caudilho percebia enfim que seu projeto de um capitalismo autônomo não passava de uma utopia, uma ilusão com a qual até as massas trabalhadoras, com as quais não tinha nenhuma identidade de classe, logo romperiam se continuassem avançando em suas lutas. Em 1954, não havia nenhum interesse do governo Vargas em romper com domínio do imperialismo que, passada a II Guerra Mundial, procurava intensificar sua exploração sobre os países semicoloniais. Para as frações da burguesia nacional, incluindo a burguesia industrial, o nacionalismo varguista era importante apenas enquanto instrumento de controle político e ideológico do proletariado. Na verdade, o próprio Vargas fazia da política nacionalista (controle da remessas de lucros da empresas estrangeiras, monopólio da estatal do petróleo e das fontes de energia elétrica, etc.) e utilizava o apoio das massas trabalhadoras como instrumentos de barganha com o imperialismo. Prova disso, foi a última ação de Getúlio que, ao cometer suicidio, provocou uma reação popular que adiou por dez anos o golpe patrocinado pelo imperialismo para aprofundar seu domínio na economia nacional.

A crise política que culminou na morte de Getúlio Vargas, evidenciou a inviabilidade história do desenvolvimento capitalista independente nas semicolônias e que a única saída independente do proletariado para quebrar a dominação do imperialismo é a revolução socialista. Hoje, porém, diante da investida colonialista do imperialismo na América Latina como parte de sua ofensiva reacionária em todo o mundo, iniciada após a queda dos Estados operários do Leste europeu e da URSS, o engodo do nacionalismo burguês volta a ser apresentado como uma alternativa para os trabalhadores. Exemplo disso é chavismo na Venezuela. A retórica antiimperialista de Hugo Chávez chega a “comover” até setores da esquerda que se reivindicam trotskistas. Mas ao contrário do nacionalismo burguês das décadas de 1930-1950, o chavismo não consegue fazer nenhuma concessão significativa para as massas trabalhadoras. No Brasil, frente à política dos governos Dilma e Lula, que visam destruir todas as conquistas sociais e os direitos da classe trabalhadora para intensificar a exploração capitalista e ampliar os lucros da burguesia nacional e do capital imperialista, partidos como o PSOL e o PSTU, mantêm importantes setores da vanguarda classista atrelada a uma política reformista, que tem como base a reacionária utopia do nacional desenvolvimentismo. Na atual etapa histórica de reação ideológica e ausência de referência marxista, mesmo entre os setores mais combativos da classe operária, a tarefa da vanguarda consciente é combater essa política nefasta, cuja única finalidade, como já demonstrou o populismo varguista, é embotar a consciência de classe do proletariado e impedir que as massas exploradas encontrem o caminho da revolução proletária e o socialismo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Política da LIT de apoio a OTAN “racha” sua seção na Espanha

A LIT não passou imune por apoiar abertamente os “rebeldes” pró-OTAN na Líbia e aprofundar descaradamente sua política pró-imperialista na Síria, se colocando entusiasticamente no campo dos mercenários do Exército Livre da Síria (ELS). Sua seção espanhola “Corriente Roja” (organização que sucedeu o PRT) sofreu um importante racha que teve justamente como plataforma política a denúncia da unidade política e militar que os morenistas estabeleceram com forças patrocinadas e armadas diretamente pelas potências capitalistas nestes dois países em nome da fantasiosa “revolução árabe”. Já em junho de 2011, os camaradas que romperam com a LIT na Espanha lançaram um comunicado “Sobre a ruptura produzida na Corriente Roja”. Neste afirmam: “Consumou-se uma ruptura entre os companheiros do PRT e parte da organização Corriente Roja, diante da decisão dos primeiros de dissolver o PRT para converter CR em seu partido político, seção da LIT-QI no Estado espanhol”. Logo depois esclareceram os motivos políticos da ruptura na declaração intitulada “Fora as tropas espanholas, da OTAN e seus mercenários da Líbia” (Agosto/2011) em que afirmam: “Os bombardeios abriram caminho para os mercenários, porém o fato de que o povo líbio tenha resistido durante seis meses deixa evidente que os chamados ‘rebeldes’ sem a OTAN não existem. Como se fosse pouco, enquanto conclui seu ‘trabalho’ na Líbia, o imperialismo ameaça já a Síria, país que junto com Irã e parte do sul do Líbano (controlada pelo Hezbollah) constituem os redutos da resistência frente ao imperialismo. Os planos internacionais de desestabilização incluem o financiamento de mercenários terroristas sírios a fim de potenciar um conflito desde o exterior, justificando uma nova invasão exterminadora”. Como se observa até mesmo no interior das correntes que estão atoladas no mais embriagado revisionismo há resistência diante de uma política que transformam organizações como a LIT em uma força auxiliar do imperialismo “democrático”. A defesa do estabelecimento de uma frente única com as forças e regimes atacados pelo imperialismo e seus agentes nativos, com total independência política diante das direções nacionalistas burguesas, posição defendida por Trotsky no Programa de Transição e negada pela LIT nos dias de hoje em nome do combate às “ditaduras sanguinárias”, mostra a atualidade das lições deixada pelo velho bolchevique, tanto que foram a base das polêmicas que levaram a ruptura da seção espanhola morenista.

Em “resposta” à ruptura dos camaradas espanhóis que questionaram a linha pró-imperialista da LIT, esta reproduziu em seu sítio um “Comunicado de Corriente Roja” cujo título já demonstra bem o amálgama criado para encobrir os reais motivos da cisão: “Por apoiar ditaduras e não respeitar a vontade da militância, um setor minoritário rompe com Corriente Roja”. O texto assinado pelo setor da corrente espanhola que ficou na LIT afirma que “Um setor minoritário de Corriente Roja encabeçado pela dirigente Nines Maestro decidiu romper com a organização por razões políticas e desgraçadamente de péssima maneira. Ante as revoluções do norte da África e Oriente Médio, contra a opinião da grande maioria da militância de Corriente Roja, este setor se pronunciou pelo apoio às ditaduras da Líbia e Síria”. Pelo que diz não resta a menor dúvida que a LIT rompeu com qualquer critério de luta anti-imperialista ao se emblocar com a OTAN e seus “rebeldes” para derrubar Kadaffi e Assad. De tão escandalosa, essa política joga na lata do lixo até mesmo a posição que o PST argentino adotou na guerra das Malvinas em 1981, postando-se no campo militar da assassina ditadura argentina contra o imperialismo britânico. Mas, tal posição foi adotada há 30 anos... De lá para cá, a LIT “evoluiu” ao ponto de saudar a queda do Muro de Berlim e a liquidação da URSS como um “acontecimento revolucionário” se unindo a Yeltsin e sua camarilha restauracionista em nome da “vitória da democracia” e o fim do “totalitarismo stalinista”.

Note-se que a ruptura da CR se deu justamente em meio ao processo de dissolução da antiga seção da LIT, o PRT-IR, em um agrupamento centrista mais amplo, que agregou militantes de outras tradições políticas. Tanto que o racha atual, que arrastou vários quadros do partido foi dirigido por Nines Maestro, uma dirigente histórica que vinha justamente se deslocando à esquerda desde que rompeu como o Partido Comunista Espanhol (PCE). Nines foi deputada pela Izquierda Unida (IU) por três mandatos e saiu da IU em 2004 quando formou um grupo político em torno de posições críticas à linha oficial do PC de aproximação com o PSOE. Logo em seguida rompeu formalmente com o próprio PCE no seu XVII Congresso (junho de 2005), depois que o partido rechaçou a proposta de sair da IU, lançando o chamado à construção da Corriente Roja. Foi nesse período que começou a aproximação com o PRT morenista, tanto que anos depois a LIT acabou dissolvendo sua seção oficial na CR, em um processo parecido ao realizado no Brasil em meados dos anos 90 com a formação do PSTU. A guerra de rapina imperialista na Líbia e na Síria pôs fim a esse processo e dividiu a organização, já que a polêmica se abriu acidamente no interior da CR ao ponto dos companheiros que romperam com a LIT e hoje conformam a Red Roja afirmarem “Já em fevereiro resultava um disparate apoiar os supostos ‘rebeldes’ (ou, pior ainda, considerá-los protagonistas de alguma idílica ‘revolução’). Os membros da Red Roja o advertimos desde o principio. Entretanto, se alguém o faz até os dias de hoje (depois de que estes ‘rebeldes’ pediram a intervenção imperialista da OTAN por todos os canais disponíveis, obtiveram-na e – finalmente – se beneficiaram dela, colaborando com o imperialismo) não estamos mais diante de um disparate, mas claramente ante a confirmação de perigosa carência de honestidade e autocrítica de uma pequena porém ruidosa fração da esquerda” (Fora as tropas espanholas, da OTAN e seus mercenários da Líbia, Agosto/2011, Red Roja).

Não podemos esquecer que na Espanha a LIT, além do PRT que se dissolveu na Corriente Roja, contava também com uma “seção simpatizante”, a Lucha Internacionalista (LI). O núcleo fundador de LI havia rompido com o PRT em 1999, mas até pouco tempo atrás mantinha relações fraternais com a LIT. LI agora trocou a LIT pela UIT, arrastando o grupo turco Frente Obrero (FO) para um comitê de ligação com a UIT justamente em torno da posição comum sobre as... “revoluções árabes”. Tanto que no último congresso da UIT, LI exaltou que ambas correntes prestam “apoio internacional a revolução que recorre no Norte da África e Oriente Médio”. Ocorre que a UIT não busca disfarçar suas posições pró-imperialistas como muitas vezes faz a LIT e chega mesmo a polemizar com outros grupos de origem morenista que resistem em defender publicamente o pedido de armas da OTAN para os “rebeldes”! Como a UIT está sendo mais “consequente” em sua conduta contrarrevolucionária não é de se estranhar que Lucha Internacionalista tenha abandonado a LIT para se aproximar da UIT, não sendo descartado que até mesmo o que sobrou de CR siga o mesmo caminho...

A ruptura da seção da LIT na Espanha demonstra que o combate contra a agressão imperialista na Líbia e na Síria é o teste ácido da luta de classes neste momento, que divide campo no interior da esquerda que se reivindica trotskista. Desde a LBI saudamos os camaradas espanhóis que romperam com a Corriente Roja e sua política vergonhosa de apoio a OTAN. Ainda que possamos ter muitas diferenças em outros temas da luta de classes, compreendemos que o primeiro passo para reconstruir o partido mundial da revolução socialista, a IV Internacional, em uma etapa de aberta reação política e ideológica do imperialismo é postando-se incondicionalmente no campo da resistência aos agressores da OTAN e seus mercenários no Norte da África e no Oriente Médio. Nesta trincheira de luta, abstraindo as lições programáticas do combate em curso, forjamos uma alternativa de direção revolucionaria para os lutadores que se levantam para derrotar o inimigo maior dos povos, o imperialismo!

___________________________________________________________

Publicamos o mais recente documento da Red Roja, organização que rompeu com a seção espanhola da LIT

Como en Afganistán, Iraq y Libia, ¡no a la desestabilización imperialista y a la guerra contra Siria! (Julho 2012)

La campaña de demonización contra Siria (que ni comienza ni termina con Siria) responde al interés múltiple que tienen los imperialistas occidentales por desestabilizar la situación internacional abocándola a un belicismo sin fin. A la clásica “salida de guerra” que nos conduce el capitalismo internacional ante la gravísima crisis que corroe su propio centro, se le suma actualmente la desestabilización permanente (al precio que sea) en que las potencias occidentales, principalmente EEUU, vienen sumiendo todo Oriente Medio a fin de contrarrestar su pérdida de hegemonía ante la erupción de potencias emergentes que no siguen los dictados otanistas: todo un verdadero plan B “en negativo” ante el fracaso de los planes sionistas-yanquis de “reordenación democrática” de los 90 para la región.

En el caso concreto de Siria, el empantanamiento del imperialismo en otros países, así como precisamente el papel de las nuevas potencias emergentes y sus aliados comerciales, ciertamente dificultan una intervención directa y abierta. Tanto Siria como Irán son líneas rojas para estas potencias emergentes, Siria para Rusia (que, dicho sea de paso, abastece de gas y petróleo a Europa) e Irán para China. Sirva como ejemplo que Siria le proporciona a Rusia su única base naval en el extranjero (la de Tartus) y una salida al Mediterráneo que necesita para garantizar sus intereses comerciales.

Pero más allá de consideraciones geoestratégicas, Red Roja -como organización antiimperialista, y tal como hicimos en el caso de Libia- reitera su convicción de que la agresión occidental en Siria también hay que enmarcarla en la pretensión de recuperar el terreno perdido en la confrontación con el Movimiento Anticolonial desarrollado en el siglo XX e impulsado por la existencia de un campo socialista fuerte. En este sentido, destacamos que Siria supone un obstáculo para los imperialismos europeo y estadounidense en la región por su apoyo a la resistencia libanesa y palestina y por su alianza con Irán, además de por su rechazo al Estado colonialista de Israel y a la guerra de Iraq, o por su histórica alianza con Rusia.

La burguesía de aquí, de la metrópoli del imperio, es consciente de que esta convicción subyace en buena parte de la izquierda. De ahí, que para evitar el surgimiento de un potente movimiento antiimperialista como el generado por otras agresiones bélicas, y aplicando el mismo esquema que en Libia, se haya inventado una “revolución siria”. Lo grave es que haya gente que, reclamándose de izquierdas, alimenten la ceremonia de la confusión. Como expresábamos en nuestra declaración “Desinoculándonos la parálisis antiimperialista” (http://www.redroja.net/index.php/comunicados/758-desinoculandonos-la-paralisis-antiimperialista), para parir este invento los imperialistas no han tenido que inventarse todo en la realidad, ni todas las problemáticas político-sociales sirias, ni todas las organizaciones de oposición. Tan “sólo” han tenido que intervenir para forzar artificialmente escenarios de enfrentamiento que den la impresión de “guerra civil” a fin de que la dinámica de las problemáticas del país salgan de su natural resolución en clave interna y los acontecimientos y su (no) resolución sigan la mencionada agenda de desestabilización imperialista. Esta perversidad criminal imperialista ha sido denunciada por fuerzas sirias que han venido incluso manteniendo posiciones críticas con la conducción de la política económico-social, como es el Partido Comunista de Siria. A dicha denuncia sumamos modestamente la nuestra, en línea con lo expresado por Cuba, Venezuela y otros procesos bolivarianos y en línea también con la actuación del Partido de los Trabajadores del Kurdistán, que ha movilizado a miles de guerrilleros para enfrentar una posible invasión del gobierno lacayo turco.

Efectivamente, como ya decíamos en la declaración mencionada, “no podemos pasar por alto que, sobre determinadas problemáticas socio-políticas (…), los imperialistas vienen encumbrando direcciones políticas y fortaleciendo movimientos con muchos puntos comunes con la “contra” criminal antisandinista nicaragüense” Un repaso a los protagonistas de la “revolución siria” ayudará a orientar sobre Siria a los revolucionarios. En todo momento, este repaso ha de hacerse teniendo en cuenta que esa apuesta imperialista por la desestabilización en Siria, por definición, no podrá sino granjearle fuertes contradicciones futuras con grupos a los que ahora se apoya; tal como sucedió en Afganistán en los años 80 del siglo pasado y ya comienza a comprobarse en la actual Libia.

Los “rebeldes” sirios están liderados por las fuerzas pro-OTAN del Consejo Nacional Sirio, que, en su declaración fundacional, se autodefine como “dirección principal de la revolución”, insistiendo en que “las organizaciones internacionales deben cumplir con su responsabilidad para proteger al pueblo sirio por todos los medios legítimos”. Su secretario general, Samir Al-Nasher, declaró abiertamente que “la ONU debe determinar cuáles son esos medios, financieros o militares”, para derrocar a Bashar Al-Asad, preguntándose: “¿qué habría pasado en Bengasi si no hubiese actuado la OTAN?”.

La principal fuerza del CNS son los Hermanos Musulmanes. Su principal dirigente, Ahmad Al-Riyadh Shaqfa, es un firme partidario de una zona de exclusión aérea “similar a lo que la OTAN hizo en Libia”. El régimen golpista libio establecido por la OTAN y encabezado por el Consejo Nacional de Transición ha sido el primero en reconocer de forma oficial al CNS como “representante legítimo” del pueblo sirio, al tiempo que ha cerrado la embajada siria en Trípoli.

También se mira en el espejo de Libia el Ejército Libre Sirio, creado en Turquía, país miembro de la OTAN y que recibe su apoyo logístico. Apuesta igualmente por la intervención extranjera y la zona de exclusión aérea al tiempo que reclama “armar al movimiento de protesta, como se hizo en Libia”. Como reconoce la propia prensa occidental, el ELS recibe ayuda, armas e integrantes, no sólo de los servicios secretos occidentales, sino también del nuevo régimen libio. Sin el menor tapujo, las Fuerzas Especiales Británicas explican en su página web que entrenan a los “rebeldes” sirios en zonas de Turquía, así como en Libia y el norte de Líbano.

Los informes sobre la asistencia militar libia son incontestables. Incluso la cadena Al-Jazeera, que jugó un papel clave en la campaña de demonización contra Gadafi y sus supuestos crímenes de guerra (al tiempo que ocultaba la represión en Bahrein por parte de Arabia Saudí), se hizo eco de una reunión entre el CNT libio y el CNS el 17 de octubre de 2011, reunión en la que se acordó “toda clase de asistencia, incluyendo la militar” entre ambas organizaciones.

La otra gran facción de los “rebeldes” está constituida por los fundamentalistas y salafistas libios que, con su metodología de acciones indiscriminadas contra sectores de la población civil que consideran enemigos, les vienen al dedillo actualmente a las potencias occidentales en su estrategia de forzar enfrentamientos civiles a fin de que al propio gobierno sirio se le vaya de las manos el control de la situación.

Con todo, la realidad Siria no se corresponde con la que sugieren los medios de comunicación de la burguesía: silencian que cada semana se producen multitudinarias movilizaciones a favor del presidente Bashar Al-Assad, quien ha sido legitimado por una amplia coalición politico-social para liderar la resistencia a la intervención imperialista y ante el destrozo en curso del país. Esa misma coalición, es la que estuvo detrás del nuevo proyecto de Constitución aprobado en referéndum.

Sin embargo, el imperialismo francés ya ha declarado, al igual que EE UU, su apoyo a los “rebeldes” sirios, además de solicitar la “zona de exclusión aérea” (táctica que, como demuestra la experiencia libia, sólo puede desembocar en una invasión de la OTAN) y de anunciar que apoyará materialmente a estos supuestos “rebeldes”. Debe destacarse que Hollande se ha declarado firme partidario de la intervención militar en Siria, en perfecta coherencia con el apoyo al imperialismo propio de la socialdemocracia a lo largo de toda su historia, pero en oposición a la ingenua esperanza que una cierta izquierda depositó en él tras su victoria electoral.

EE UU, Francia, Israel, las fuerzas iraquíes proamericanas, Jordania, Turquía, los salafistas libios, las fuerzas especiales de la OTAN… Estos son los que dan fuerza a la “revolución siria” y no, como dicen algunos para justificarse, los que intervienen para desviar una revolución siria ya existente de antemano.

En consecuencia, Red Roja se situará en frente de cualquier fuerza política que, llamándose de izquierdas, declare su apoyo político a los colaboracionistas del imperialismo en territorio sirio. Es hora de no repetir los errores de Libia y de trabajar en la generación de un movimiento de rechazo contra toda eventual guerra imperialista, para presionar al gobierno español tratando de dificultar su participación en cualquier posible intervención criminal, además de denunciar toda intervención indirecta o de baja intensidad que, al estilo de la “contra” nicaragüense (y ésta ya se está produciendo), o a través de Turquía, trate de desestabilizar la región al servicio del imperio.

¡Por la independencia de Siria, no a la intervención imperialista!
¡No a la guerra imperialista! ¡No a la desestabilización! ¡No al Consejo Nacional Sirio! ¡No a la OTAN!

RED ROJA
(Estado espanhol)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Enquanto o STF sangra o PT, suas candidaturas afundam nas disputas municipais

Os ministros do STF vão confirmando nossos prognósticos acerca das sentenças já proferidas contra os chamados “mensaleiros”. Sob o patrocínio do governo Dilma, o relator do caso, Joaquim Barbosa, considerado um “quase petista” indicado a corte por Lula, votou pela condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, voto acompanhado pelo ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski. Com um julgamento arrastado, devido a metodologia aprovada de fatiar as acusações por grupos de penalidades, o STF vai sangrando lentamente as candidaturas do PT cuja primeira “vítima” foi o próprio João Paulo, candidato a prefeito da cidade de Osasco. Um julgamento moroso não foi uma opção simplesmente técnica adotada pelo STF, como pode aparentar aos mais ingênuos, corresponde a uma delicada correlação de forças que ainda não está completamente definida no interior das classes dominantes. A grande questão ainda aberta no julgamento do mensalão é sobre o grau da condenação a ser aplicado ao “capo” petista braço direito de Lula, José Dirceu. Nesta questão os “togados” do STF ainda não encontraram um “ponto de equilíbrio”, entre as pressões de Lula e do próprio PT por um lado, e da oposição Demo-Tucana unida neste caso a Dilma pelo outro lado. O “sacrifício” do Deputado Federal João Paulo, parece não satisfazer os apetites vorazes do bloco “neoconservador”, que exige a cabeça de Dirceu, já que a prisão dos “peixes pequenos” do mensalão (como Delúbio e Marcos Valério) é dada como praticamente certa. Por sua vez, a figura asquerosa do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, cumpre a função de denominador comum entre o Planalto e os caciques do Tucanato, todos muito interessados no maior desgaste político possível do PT, assegurando ao governo Dilma uma reeleição tranquila em 2014 e o cumprimento da “cláusula da renovação democrática” em 2018.

A chamada esquerda “progressista” vem se lamentando de mais uma perseguição descriminatória, pelo fato do “mensalão” ter ido parar em julgamento do STF, afirmam que nenhum outro caso de corrupção estatal foi julgado pela corte máxima nos últimos cinquenta anos de história republicana. Este campo frentepopulista não nega o esquema do “mensalão” e até reconhece a prática de caixa dois para a necessária compra de apoio parlamentar, embora não reconheça o desvio do dinheiro das “comissões” para o enriquecimento pessoal dos “capos” petistas. Escândalos ainda mais “escancarados” como a compra dos votos parlamentares para a emenda da reeleição de FHC foram arquivados, ainda em primeira instância judicial, sob o silêncio da mídia “murdochiana”, se queixam os apologistas das “reformas possíveis”. A verdade é que o “mensalão” só seguiu adiante, ou seja, para o STF, na certeza de um acordo celebrado ainda no início de 2006, entre o então presidente Lula e a oposição conservadora no sentido de “depurar” o PT. Este “compromisso” no seio da burguesia permitiu a reeleição de Lula, que posteriormente retardou o encaminhamento do processo ao Supremo, pela via do procurador geral Antônio Fernando. Com a recondução do novo procurador geral em 2011, Dilma deu “carta branca” a Gurgel para trucidar os mensaleiros, em particular seu arqui-inimigo político no interior do PT, José Dirceu.

Como o atual governo carece de uma base social própria no movimento de massas, o ativismo da CUT e do PT (majoritariamente ligado à Articulação) ainda confere a Dilma um certo crédito político. Isto o obriga a manter-se bastante discreto no caso do julgamento do “mensalão” e nos ataques que promove contra Dirceu, nos bastidores de Brasília. Dilma trabalha silenciosamente para ampliar sua base de apoio parlamentar para além das fronteiras do PT, priorizando novos parceiros políticos como o PSB e PR, o que implica necessariamente um distanciamento das candidaturas petistas às principais prefeituras do país. Na outra ponta de sua agenda o governo atua para implementar uma pauta econômica neoliberal, agradando cada vez mais a burguesia nativa, com pacotes de isenção fiscal e privatizações generosas.

Nesta conjuntura não é de se estranhar que apesar dos altos índices de aprovação popular do governo Dilma, as candidaturas petistas às prefeituras caminhem para um retumbante fiasco. Com o início da propaganda eleitoral gratuita, a direção nacional do PT espera a reversão do desastroso quadro das disputas municipais, com a presença da liderança incontestável de Lula. Acontece que a mesma mídia que será obrigada, por força da lei, a transmitir as mensagens de Lula em apoio a seus candidatos, está envolvida freneticamente na cobertura espetaculosa do julgamento do “mensalão”, sangrando o PT quase que 24 horas no ar. Os marxistas leninistas sabem muito bem que não será exigindo do STF uma punição “exemplar” aos mensaleiros, como fazem os revisionistas do PSTU, por exemplo, que se fará justiça neste caso ou em qualquer outro de corrupção estatal no Brasil. Não iremos “jogar” em nenhum “time” burguês, nesta verdadeira queda de braço que atravessa o supremo. Somente a destruição revolucionária do Estado capitalista poderá colocar um fim histórico à corrupção estatal, inerente a este regime decadente da democracia dos ricos.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Editorial do Jornal Luta Operária nº 241, 1ª Quinzena de Agosto/2012
Por um boicote ativo ao circo eleitoral burguês!

Adentramos no mês de agosto e com ele veio o início o circo eleitoral da democracia dos ricos com o começo do horário eleitoral na TV e no Rádio e as primeiras “pesquisas de opinião” voltadas a manipular a vontade popular, escolhendo os candidatos preferidos da burguesia para gerenciar seus negócios em nível dos municípios. Dentre as “opções” postas, a maioria dos prefeitos e vereadores que serão escolhidos em 7 de outubro estará ligada aos partidos da base de apoio do governo Dilma Rousseff. Dentro desse quadro, a disputa em curso tem uma importância nacional porque seu resultado define justamente a correlação de forças no interior da frente popular. Já não resta a menor dúvida de que a presidente deseja enfraquecer o PT e, mais particularmente, os candidatos ligados ao lulismo, enquanto fortalece as legendas, como PSB e PRB, que estão fechadas no apoio a seu nome em 2014. Até aí nenhuma novidade, já que a “oposição conservadora” capitaneada pelo PSDB mal irá conseguir manter os parcos postos que detinha até então, com o governo federal conseguindo inclusive trazer para o seu “campo” o próprio PSD de Kassab que, embora esteja coligado com o PSDB na capital paulista, já namora com Russomano (PRB) diante do provável naufrágio de José Serra. Haddad do PT, nesse cenário, é apenas uma peça decorativa que vai servir justamente para mostrar a fragilidade dos nomes indicados por Lula, tanto que Dilma se negou até mesmo a gravar depoimento em apoio ao candidato de seu próprio partido não só em São Paulo, mas também em Fortaleza e Porto Alegre.

O certo é que para os capitalistas as eleições são uma mera maquiagem que deve ser pincelada no rosto “democrático” do regime burguês. O importante é estabilizar um governo de colaboração de classes e seus sustentáculos nos municípios que melhor garantam a acumulação de capital e a transferência das reservas estatais para seus negócios em uma conjuntura de trégua social e paralisia do movimento de massas. Nesse sentido, a corrida eleitoral em curso se reduz a feroz disputa intestina entre as máfias oligárquicas que dão sustentabilidade a frente popular. As eleições burguesas nada têm a ver com a soberania do voto popular. Estão condicionadas pela influência do poder econômico, pela manipulação da mídia e das falsas pesquisas e, por último, se nada disso resolver, pela fraude direta do sistema da urna eletrônica.

Buscando a todo custo conquistar alguns postos parlamentares e mesmo prefeituras de capitais, presenciamos em meio ao circo eleitoral o jogo desesperado do PSOL em estabelecer alianças com vários partidos da base de sustentação do governo Dilma e mesmo com a direita demo-tucana. Nessa tarefa é seguido em menor grau pelo PCB e mesmo pelo PSTU. Não é surpresa para ninguém que o PSOL, até para sobreviver eleitoralmente do ponto de vista de uma alternativa viável para setores da burguesia, precisa conquistar a prefeitura de Belém, elegendo o ex-prefeito petista Edmilson Rodrigues, cuja campanha é financiada diretamente por empreiteiras e empresas que se beneficiaram em suas duas gestões passadas. O PSOL também almeja projetar o partido na classe média paladina da “ética na política” com a candidatura de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, justamente para em 2014, em parceria com Marina Silva e seu “movimento por uma nova política” fazer dobradinha em uma candidatura presidencial “alternativa” a do PT e PSDB. Não por acaso, o último congresso nacional do PSOL ampliou sua política de colaboração de classes em uma tentativa de manter no ambiente partidário sua “ala marinista” que engloba além de Heloísa todo o “MTL” da deputada carioca Janira Rocha, tão bajulada pelo PSTU.

Como o PSOL é parceiro estratégico do PSTU em torno da “Frente de Esquerda” não estamos de forma alguma surpresos diante do salto de qualidade que os morenistas deram em sua política eleitoral, compondo com o PCdoB em Belém e apresentando cinicamente a futura administração do ex-prefeito Edmilson Rodrigues como capaz de ser um ponto de apoio para a “revolução”. Esse desfecho político faz parte da “evolução” desse partido que está fazendo o jogo do imperialismo na Líbia e na Síria em nome da “defesa da democracia contra as ditaduras sanguinárias”, inclusive em “alianças táticas” com a OTAN e seus mercenários que também defendem a fantasiosa “revolução árabe”! Trata-se de um avançado processo de corrupção moral, político e material do PSTU e, portanto, nada mais “natural” que deixar de lado os parcos arroubos ortodoxos que ainda preservava no terreno eleitoral para conquistar alguns postos parlamentares! Lembremos que em Maceió, o PSTU está coligado com o PSOL controlado por Heloísa Helena, candidata a vereadora. Heloísa, mesmo já tendo declarado apoio ao movimento encabeçado por Marina Silva, continua filiada formalmente ao PSOL e mais uma vez é apoiada entusiasticamente pelo PSTU. Obviamente, para “consumo interno” o PSTU se diz contrário às coligações com partidos patronais, chegando a implorar ao PSOL para “rever” sua política de alianças, enquanto para o “grande público” apoia Edmilson e se coliga com Heloísa Helena. Na verdade, a direção nacional do PSTU é defensora da ampliação da política de alianças do partido, rompendo de vez com a velha tradição de formação de frentes unicamente com partidos da “esquerda” pequeno-burguesa.

Chama a atenção que alguns agrupamentos como a LER, Negação da Negação e Espaço Socialista, ainda que balbuciem contra a aliança estabelecida pelo PSTU com o PSOL e o PCdoB em Belém, defendam o “voto crítico” neste partido. Isso ocorre porque tais grupos e outros charlatões representantes do “trotskismo fictício”, como o Coletivo Lênin, se negam a fazer um combate de princípios ao conjunto do programa morenista, hoje vanguarda mundial do revisionismo na adaptação à democracia burguesa e atuando como força auxiliar do imperialismo pelo planeta. Por isto, não denunciam que a aliança em Belém representa um projeto maior do PSTU de estabelecer uma mini-frente popular capaz de gerenciar o capitalismo através de pequenas reformas! Não é papel dos revolucionários “tensionar” os canalhas morenistas a alterarem seu rumo socialdemocrata, ao contrário, cabe aos bolcheviques desmascará-los firmemente como verdadeiros agentes da contrarrevolução no interior do movimento de massas. Esta tarefa se faz ainda mais importante quando o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos acabou de fechar um acordo traidor vergonhoso com a GM que bloqueia qualquer ação direta do proletariado contra das demissões. Aqueles que acreditam que ao apoiarem “criticamente” o PSTU estão ajudando os morenistas a “expiar seus pecados” na verdade acabam por encobrir “pela esquerda” a escandalosa política de colaboração de classes desses senhores que hoje pouco se diferenciam do PSOL com seu vale tudo eleitoral.

Diante do atual quadro nacional onde o movimento operário encontra-se entorpecido pela política de colaboração de classes e frente à ausência de uma alternativa revolucionária com influência de massas, as eleições burguesas sequer colocam a possibilidade de uma publicidade comunista “por dentro” do processo legal. O caráter burlesco de eleições que já estão preliminarmente decididas empurra cada vez mais setores conscientes de nosso povo a se enojarem com toda essa farsa montada para desviar o curso da ação direta dos explorados. Avaliamos que nestas eleições municipais crescerá a tendência a abstenção e ao voto nulo como expressão passiva de repulsa a essa democracia dos ricos.

Para potenciar esse processo político adotamos neste momento uma tática que permite dialogar com os setores mais avançados de nossa classe, propondo ações unificadas que possibilitem romper o cerco imposto pela frente popular e o revisionismo. A política mais justa para a ação das massas diante do circo eleitoral passa por desenvolver uma ampla campanha nacional de boicote ativo a estas eleições, o que abarca não só chamado ao voto nulo, indo mais além no sentido de iniciativas ousadas para desmascarar o conjunto da fraude política em curso. Na medida de cada ação concreta pelo boicote eleitoral, abriremos uma trincheira de luta e mobilização permanente dos trabalhadores procurando desfazer o embotamento da consciência de classe e denunciar o engodo da política da frente popular. Frente a esse enorme desafio, convocamos os coletivos classistas e ativistas combativos a desenvolverem conosco a campanha nacional e ativa pelo voto nulo e pelo boicote ativo ao circo eleitoral. Para dar impulso a esta tarefa chamamos mais uma vez a organização de um encontro nacional antes do primeiro turno para que possamos ampliar o processo de agitação e denúncia deste regime democratizante e suas eleições fraudulentas. Compreendemos que para homogeneizar um programa de luta diante do circo eleitoral burguês e dotar o movimento operário de um eixo comum de ação é urgente construir uma plataforma revolucionária unitária com o objetivo de denunciar as candidaturas do regime e apontar, através da ação direta, uma alternativa de poder própria dos trabalhadores, baseada nos interesses históricos e imediatos dos explorados!