quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ontem na Líbia, hoje na Síria: mais uma vez a ONG “democrática” Human Rights Watch a serviço do imperialismo ianque

A ONG Human Rights Watch (HRW) divulgou nesta terça-feira, 03 de julho, um relatório acusando o governo Assad de manter 27 centros de tortura na Síria, onde os detidos seriam supostamente “espancados com bastões e cabos, queimados com ácido, além de sofrerem agressões sexuais entre outras violências”. Logo a mídia murdochiana repicou por todo planeta tal informação fantasiosa. A ONG, baseada em Nova York, acusa tais centros de serem usados pelas agências de inteligência do governo sírio desde o início das “manifestações” pró-imperialistas organizadas contra Bashar al Assad em março de 2011, apresentado como um “ditador sanguinário” assim como o faz a esquerda revisionista do trotskismo e a Casa Branca. Segundo a HRW, “dezenas de milhares foram detidos pelo Departamento de Inteligência Militar, o Diretório de Segurança Política, o Diretório de Inteligência Geral e o Diretório de Inteligência da Força Aérea o que significa claramente a existência de um Estado policial baseado na tortura e em maus-tratos, o que constitui um crime contra a humanidade” (Reuters, 03/07). Lembremos que a mesma ONG defensora dos “direitos humanos” foi a que apoiou a campanha contra o governo de Kadaffi, impulsionada pela oposição de direita pró-imperialista em fevereiro de 2011 que desejava por um fim ao controle do país pelo regime nacionalista burguês. Na época, segundo a HWR, a mesma ONG supostamente “democrática” que também em nome da defesa dos “direitos humanos” ataca sistematicamente Cuba, já seriam mais de 200 mortos na Líbia, reprimidos de forma brutal pretensamente pelas forças de segurança de Kadaffi com facas, rifles, armas de fogo pesadas, franco-atiradores e até helicópteros. Hoje essa fábula é repetida à exaustão por todas as redes de TV e cadeias de imprensa ligadas ao imperialismo. O script é o mesmo e o objetivo similar: criar um clima de comoção internacional para favorecer a intervenção militar da OTAN!

Não bastasse montar essa farsa em favor da agressão imperialista, a HRW criticou a postura adotada pela China e Rússia, que como membros permanentes e com direito a veto do Conselho de Segurança, “bloquearam qualquer esforço para pressionar a Síria por suas responsabilidades” (Idem). Não por acaso, a ONG apoia o envio de observadores da ONU para monitorar a situação nos centros de detenção na Síria e também defende que a questão seja submetida ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que os “responsáveis sejam punidos”. Como a Síria não ratificou o estatuto do tribunal, o TPI só poderia julgar os integrantes do governo Sírio com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, onde o tema é barrado por Rússia e China. Mais claro impossível! Os agentes “humanitários” do imperialismo querem fazer na Síria uma nova Líbia, usando a suposta defesa dos “direitos humanos” para legitimar a ação dos mercenários “rebeldes”, da ONU e da OTAN! Ao lado da HRW, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) anunciou também nesta terça-feira, 3/07, que “mais de 16.500 pessoas perderam a vida em episódios de violência na Síria desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011”. Toda esta orquestração está voltada a debilitar o regime sírio no lastro do “efeito do dominó” desencadeado pela suposta “revolução árabe”, tudo ao melhor estilo das manipulações midiáticas feitas contra Chávez na Venezuela quando da época do golpe de abril de 2002 desferido em nome da “democracia” e “contra o autoritarismo”.

Apesar de não depositarmos qualquer confiança no regime da oligarquia Assad denunciamos que os facínoras atuais paladinos da democracia querem impor um outro regime político, alinhado com a Casa Branca. Não por coincidência, Obama estimulou inicialmente os “protestos” na Líbia, alinhando-se com a oposição reacionária e depois armou os “rebeldes” que mais tarde serviram de força terrestre auxiliar da OTAN. Agora, o Pentágono está fazendo o mesmo na Síria, com a ajuda da HRW e outras ONGs que estão em sua folha de pagamento. Os meios de propaganda do império e suas ONGs transformaram as manifestações anti-Assad organizada pelos mercenários do ELS e CNS financiados pela CIA, Mossad, a Turquia e a Arábia Saudita em uma “insurreição de massas” contra um “déspota sanguinário”, assim como fizeram antes e durante o 12 de abril na Venezuela, quando prepararam e apoiaram o golpe militar contra Chávez!

Neste exato momento também estamos vendo o arco revisionista (LIT, UIT, CMI de Allan Woods e afins...) vibrar com “as mobilizações contra a ditadura” na Síria como fizeram ontem na Líbia e antes em Cuba na crise dos balseiros, chegando a torcer para que a “revolução democrática” e os “ventos da primavera árabe” cheguem à ilha operária. Não por acaso, a mesma HRW condenou o Estado operário cubano por perseguição política aos dissidentes e ataque aos “direitos humanos”!

Ao contrário desses revisionistas do trotskismo, denunciamos que os verdadeiros objetivos da “revolução árabe” saudada por Obama são: dominar o Oriente Médio, debilitar ao máximo ou derrubar os regimes que tem fortes fricções com Washington e controlar os povos que lutam contra o imperialismo. Por esta razão, correntes como a LIT que defendem histericamente o “Fora Assad” fingirem ser contra a intervenção imperialista na Síria, enquanto apoiam de fato, como fizeram na Líbia, os “rebeldes” made in CIA no interior destes países. Nesse sentido, mal conseguem esconder seus verdadeiros desejos de verem o imperialismo agredir a Síria! Está colocado frente a escalada política e militar do imperialismo combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorreu na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes, inclusive em frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN, combater os planos de agressão das potências capitalistas, suas ONGs e a mídia murdochiana sobre as nações semicoloniais da região!