sexta-feira, 6 de julho de 2012


Enquanto Dilma presenteia as montadoras com redução do IPI e GM anuncia demissões, PSTU-Conlutas pede “contrapartida social” dos capitalistas e ajuda ao prefeito facistóide Eduardo Cury (PSDB)!

Com vendas recorde no mês de junho, embaladas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a indústria automobilística conseguiu reduzir drasticamente seus estoques de carros novos. Foram vendidos no mês passado 353,2 mil veículos, 22,9% mais que em maio e 16,1% que em junho de 2011. Desse total, 340,6 mil são automóveis e comerciais leves, alvos do benefício fiscal. A média diária de vendas de carros subiu de 12,4 mil em maio para 17 mil no mês passado e vem mantendo esse ritmo nos primeiros dias de julho. No semestre, as vendas das montadoras somaram 1,72 milhão de unidades. Como resposta ao presente que o governo Dilma deu às montadoras, reduzindo o IPI de 21 de maio e com previsão de acabar em 31 de agosto, GM e Volks anunciaram programas de demissões voluntárias! Só na GM foram dois programas de demissão voluntária em menos de um mês. O último PDV se encerrou nesse 2 de julho com a adesão de 356 operários. Ainda assim, como forma de chantagem, a empresa instalada em São José dos Campos, anunciou sua intenção de demitir mais 1.500 trabalhadores do setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA). Querem mais subsídios! Lembremos que além da redução do IPI, o governo ainda adotou outras medidas favoráveis às multinacionais. No final de maio, o BNDES diminuiu os juros na sua linha de financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos, já o Banco Central liberou R$ 18 bilhões em depósitos compulsórios de bancos para o financiamento de veículos.

Apesar das vendas recordes, GM e Volks alegam cinicamente que a redução dos estoques ainda não se refletiu na produção. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores (Anfavea) houve recuo de 2,6% em relação a maio e de 7,6% na comparação com um ano atrás, com 273,6 mil unidades fabricadas. Mas a própria Anfavea declara que “aposta em reversão do quadro nos próximos meses” (O Estado de S.Paulo, 06/07). Várias empresas que operavam com jornada reduzida retomaram as atividades e estão impondo ritmos de produção mais acelerados! Fiat e Volkswagen, por exemplo, voltaram a fazer hora extra em fins de semana. “A tendência é de aumento de produção. A redução do IPI foi uma medida acertada por parte do governo, as montadoras reduziram os seus estoques e, agora, há aumento de produção e emprego” declarou o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini (Idem). Como se vê, trata-se de um movimento operado planejadamente pelas montadoras para forçar a isenção do IPI e desovar os seus estoques ao mesmo tempo em que em as transnacionais impõe demissões, terceirizações e incremento dos ritmos de produção!

Na verdade, GM e Volks estão “aproveitando” o momento de redução dos estoques para fazer suas “reestruturações” e seus “planos de ajuste”, leia-se reduzir a mão de obra direta da fábrica e apostar na contratação de terceirizados, processo já realizado por outras montadoras. Segundo dados da própria Anfavea, a indústria automotiva contratou 1,9 mil funcionários em junho. A maioria é de pessoal terceirizado que passou a fazer parte da folha de pagamento da Fiat, em Betim (MG). Toyota e Hyundai também estão contratando com baixos salários para iniciar operações nas fábricas de Sorocaba e Piracicaba. Em resumo, as poderosas multinacionais auferem lucros astronômicos no Brasil, saqueiam os cofres públicos e remetem bilhões para suas matrizes que ainda estão se recuperando da crise econômica nos EUA e na Alemanha. Nos últimos três anos as montadoras enviaram US$ 14,6 bilhões ao exterior (O Estado de S.Paulo, 06/07).

A “reação” do PSTU, que dirige o Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, foi pedir ao governo Dilma que impeça as demissões, exigindo uma “contrapartida social” dos capitalistas, já que o Planalto reduziu o IPI das montadoras! Segundo o presidente do sindicato filiado a CSP-Conlutas, Antônio Ferreira, o Macapá, “A partir de agora, vamos intensificar as mobilizações e resistir contra esse grave ataque da GM. Vamos buscar apoio de toda a sociedade, dos parlamentares e dos governos e realizar protestos de rua, caravana a Brasília e um ato nacional unitário com as outras centrais”. Na verdade tais “protestos” não passam de encenação contra a ofensiva da GM e somente foram convocados após o encerramento do prazo do último PDV. O PSTU não fez nada contra o PDV, porque acreditava que as “demissões voluntárias” resolveriam a redução de mão de obra exigida pela transnacional, mas a GM anunciou que deseja um corte ainda maior! Só aí o “combativo” sindicato teatralizou uma manifestação em frente à porta da fábrica pedindo “contrapartida social” da mesma forma como faz a CUT, FS e CTB! As palavras de Macapá revelam bem a política do PSTU. Depois de uma reunião entre a prefeitura de SJC e o Sindicato, a mesma que impôs a desocupação do Pinheirinho via a ação brutal da PM, o dirigente do PSTU e da CSP-Conlutas declarou: “Queremos uma posição firme por parte da Prefeitura, Câmara de Vereadores, governos estadual e federal em defesa da manutenção dos postos de trabalho e contra o fechamento do MVA” (Sítio PSTU, 02/07). Obviamente, não se fala greve e muito menos em ocupação de fábrica! Lembremos que as centrais sindicais governistas CUT, FS e CTB se desmancharam em elogios para a falsa “guinada” nacionalista de Dilma quando a presidente elevou o IPI dos carros importados favorecendo as quatro grandes montadoras transnacionais (WW, Ford, GM e Fiat). Na época, a burocracia sindical governista ignorou inclusive as intenções de demissão do “bando das quatro” em suas fábricas no Brasil, em função das facilidades dadas para a importação mexicana e argentina. A Conlutas foi politicamente a reboque da empresa na bajulação ao governo da frente popular aplaudindo a medida. Agora vieram os anúncios das demissões e nenhuma reação à altura, como já havia ocorrido na Embraer na mesma São José dos Campos!

Para a classe operária, a luta consequente pela defesa do emprego e reposição salarial não passa por reivindicar um “compromisso social” dos capitalistas e do governo burguês da frente popular, mas de lutar por meio de uma mobilização permanente, independente do governo e dos patrões, para infringir uma derrota real nos planos de arrocho e desemprego levados a cabo pelo governo pró-imperialista do PT. Para isso é preciso organizar nacionalmente uma campanha contra as demissões sem nenhuma ilusão nos inócuos apelos a Dilma sob o eixo da ocupação das empresas que demitirem, assembleias intersindicais unificadas, paralisações de verdade e a construção da greve geral da categoria. É fundamental para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores. Está colocado para os setores mais avançados da classe operária romper com a camisa-de-força imposta pela CUT, UNE e MST, política trágica que tem o aval da PSTU-Conlutas e a PSOL-Intersindical, aproveitando as campanhas salariais para responder à ofensiva capitalista com mobilizações que não se limitem apenas à luta econômica, mas que coloquem em xeque o próprio governo Dilma e as instituições corruptas que o sustentam, buscando superar no curso desse combate as direções que conciliam com a burguesia em nome da estabilidade do regime político.