terça-feira, 10 de julho de 2012



A descoberta da “Partícula de Deus”: “última fronteira da ciência” a serviço da reação contrarrevolucionária e ideológica do imperialismo

Um tema vem agitando o mundo científico e ocupando as principais manchetes da mídia mundial, a confirmação da suposta existência do chamado “Bóson de Higgs”. No dia 4 de julho, o Centro Europeu de Física Nuclear (CERN) colocou a público a possibilidade da existência da partícula que poderia ser qualificada como a “essência do Universo”, estudada há mais de 50 anos pelo físico Peter Higgs, mas nunca comprovada até então. Eis que a cem metros de profundidade em um imenso túnel circular de 27 km, aos pés dos Alpes suíços, cientistas “trazem à superfície” o debate que há anos os intrigara sobre esta partícula subatômica que seria responsável por dar massa a todas as demais partículas. No entanto, mais além desta “descoberta” (ou fraude como muitos atestam), o que está por trás desta celeuma são importantes elucubrações ideológicas difundidas pela mídia murdochiana acerca da origem das coisas e, claro, da vida. Logo os grandes meios de comunicação apelidaram o “Bóson de Higgs” como “Partícula de Deus”. Contra esta perspectiva obscurantista é que o marxismo revolucionário deve partir para analisar à luz da luta de classes fenômenos científicos que abarcam a física quântica até os da relatividade einsteniana, o “Bóson de Higgs” e o “Big Bang”, como parte do cabedal ideológico burguês recrudescido na atual época de ofensiva imperialista.

O ponto de partida desta discussão para o marxismo não se inicia no mundo metafísico, ela se dá no âmbito essencialmente material, no político-ideológico, terreno pelo qual os revolucionários se valem para combater os “teóricos” do capitalismo. Sem se perder nos infindáveis jargões técnicos, é necessário que compreendamos o princípio básico da teoria que envolve o chamado “Bóson de Higgs”. É o elemento (campo invisível) que une todas as partículas e garante por assim dizer o “funcionamento” dos átomos e do Universo, ou seja, traduz a partícula elementar para a existência da matéria. Por ser infinitamente pequena em sua forma e durabilidade (se transforma em outras partículas em um tempo infinitesimal) é quase uma impossibilidade ser detectada empiricamente. Trata-se de se explorar o interior do átomo, de postular como as partículas se mantém juntas, dando consistência à matéria, como as partículas são, em termos populares, “coladas” umas às outras. Envolve, neste sentido, a criação de tudo no Universo, as estrelas, os planetas, as galáxias etc., a origem da massa ao período posterior do evento singular chamado “Big Bang”, cuja responsável por isso seria a “matéria escura” composta pelo “Bóson de Higgs, segundo a qual também poderia conferir a existência de outras dimensões além das conhecidas terceira (comprimento, ou profundidade, largura e altura) e quarta (dimensão temporal).

Por sua importância não só acadêmica, não por acaso despertou tanta atenção da “opinião pública mundial”, na qual a mídia apelidou de forma completamente errada como “partícula de Deus”. A denominação foi criada em 1993 quando o Nobel da física de 88, Leon Lederman, publicou seu livro “The God Particule” explicando o fundamento da teoria do “Bóson de Higgs”. Porém, foram os donos da editora que cunharam título, sob protestos do autor que originalmente havia intitulado como “Goddamn Particule”, ou “Partícula maldita” por seu extremo grau de dificuldade para ser observada. De nada adiantou, a partir daí prevaleceu a versão murdochiana, distorcendo completamente aquilo que poderíamos dizer a busca científica do princípio material elementar da vida. Essa caracterização reacionária nasceu precisamente no período posterior à queda do Muro de Berlim e da destruição da URSS, revelando todo o conteúdo ideológico destas postulações, apesar do caráter insipiente dos estudos teóricos. Mesmo porque, isolado o “Bóson de Higgs” não tem função, ele atua junto a outros elementos como o glúon, o Z, W e o fóton, cada um cumprindo seu papel nas definições das propriedades da matéria.

Os relatórios públicos acerca da descoberta ocultam dois pontos fundamentais, a de ser em primeiro lugar uma experiência empírica falha, uma vez que o colisor de hádrons se utiliza apenas de prótons e não de elétrons, tanto é verdade que vários países já estão desenvolvendo projetos para a construção de um túnel colisor bem maior do que o atual especializado em elétrons, o Colisor Linear Internacional (ILC). Em segundo lugar, o anúncio alardeado pelo mundo afora pode ser uma jogada de marketing deste verdadeiro consórcio capitalista nada democrático que é o túnel subterrâneo para que os subsídios bilionários ao projeto do Large Hadron Colider, ou “Grande Colisor de Hádrons” continuem afluindo em tempos de crise econômica europeia, afinal de contas as experiências lá efetuadas certamente não estão voltadas para o desenvolvimento do bem-estar da humanidade como a aplicação medicinal, por exemplo. Destina-se, como já foi vazado por vários cientistas a serviço das grandes potências capitalistas, a aplicar os conhecimentos científicos à indústria bélica (os novos propulsores a jato e em bombas baseado em uma tecnologia até então desconhecida). Evidentemente, que isto é encerrado na mais profunda redoma secreta do túnel colisor, a tecnologia a ser utilizada contra os oponentes da Casa Branca...

Assim, “Partícula de Deus” é hoje utilizado pela mídia para realmente desviar o foco daquilo que ela representa: a possibilidade da humanidade existir sem a necessidade de um “princípio” religioso que desse sustentabilidade ideológica e política à permanência do sistema capitalista como imutável e eterno (como Deus!). A idéia de que a matéria teria surgido “do nada” é incompatível com o regime político burguês que justifica até mesmo o “Big Bang” como o início de tudo (“então a luz se fez numa grande explosão”). Existia alguma coisa antes da singularidade do “Big Bang”? Esta resposta somente poderá ser dada quando a civilização humana estiver despida dos preconceitos religiosos e da exploração alienante do homem, possível com um novo modo de produção oriundo de uma revolução voltado para o desenvolvimento material e intelectual de toda a sociedade e não de alguns poucos ricos: a sociedade socialista.