segunda-feira, 11 de junho de 2012


Troika sai em “socorro” dos bancos espanhóis enquanto Rajoy ataca os trabalhadores

Neste final semana, a troika formada por Comissão da União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) anunciou um empréstimo de 100 bilhões de euros aos bancos espanhóis por meio do fundo de resgate da zona do Euro. Com a decisão as bolsas de valores subiram pelo mundo afora nesta segunda-feira, 11 de junho, em sinal de aprovação dos capitalistas as medidas anunciadas. O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, declarou que “Haverá uma troika. Ela se encarregará de controlar com precisão que o programa seja cumprido” (Le Monde, 11/06) demonstrando que a “ajuda” está voltada a socorrer o sistema financeiro espanhol e o próprio governo do PP, de Mariano Rajoy, que em “contra-partida” tem levado um verdadeiro plano de guerra contra os trabalhadores, anunciando demissões e cortes de verbas para a saúde e educação. O chamado “memorando espanhol” prevê também o aumento da idade para a aposentadoria e uma reforma trabalhista para reduzir os “custos de produção”. Não por acaso, Schäuble, representante do BCE afirmou que “a Espanha se encontra no caminho correto para resolver seus problemas financeiros” (Idem) em um aval à política anti-operária do PP que recentemente enfrentou com violenta repressão a greve dos mineiros.

O empréstimo feito para os bancos será pago com o dinheiro dos trabalhadores espanhóis e por meio do ataque as suas condições de vida. O governo já prepara, a exemplo do que foi feito na Grécia, Irlanda e Portugal após empréstimos desta natureza, novas medidas que vão atacar em cheio o bolso dos trabalhadores e da população espanhola. Entre estas medidas está o aumento de impostos e o corte nos gastos públicos. O empréstimo vai ser enviado diretamente para o Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB), o que vai assegurar que o dinheiro seja direcionado, sem intermediários, para os bancos falidos ou em “dificuldades”, mantendo assim a ciranda financeira em que o Estado é o fiador do socorro aos "pobres" banqueiros e seus executivos que recebem "bônus" milionários anuais. O empréstimo vai sustentar os bancos e aumentar mais o endividamento do governo espanhol, que ficará ainda mais refém da troika. Com a “ajuda”, a Espanha é o quarto sócio da UE a recorrer a empréstimos depois da Grécia, Irlanda e Portugal. Para se ter um ideia desse quadro dramático, os recursos para a mineração foram cortados de 300 milhões de euros para 110 milhões, sob a argumentação de que é preciso reduzir o déficit para pagar a dívida pública. Como resistência ao corte, houve a greve dos mineiros há poucos dias atrás.

O PSOE de Zapatero pavimentou, com a adoção de uma série de medidas antioperárias, a vitória do PP de Rajoy, que está dando sequência ao trabalho “sujo” deixado pelos “socialistas”, atacando violentamente os trabalhadores sem a menor resistência por parte das centrais sindicais controlada pelo PSOE. O retorno do franquismo à chefia do governo espanhol significa o triunfo da direita fascista na Espanha, que usa métodos de guerra civil contra os explorados, justamente em um período de profunda crise capitalista como a que atravessamos neste momento histórico de brutal ofensiva imperialista... Tudo o contrário do que diziam aos catastrofistas de plantão que vendiam a crise como a “ante-sala” da revolução, apresentando inofensivos movimentos pequeno-burgueses como o “indignados” do 15-M como uma alternativa política "revolucionária" a barbárie capitalista!

Durante o ápice do crash capitalista mundial de setembro de 2008, quando o conjunto da esquerda revisionista como PSTU-LIT, CST-UIT, LER-QI ou Causa Operária alardeavam que o “fim do capitalismo” estava próximo, alertamos justamente o contrário, ou seja, que devido à ausência de direção revolucionária com peso de massas e o quadro de ofensiva ideológica imposto pelo grande capital desde a queda da URSS, a tendência era não só que a burguesia utilizasse a crise econômica para incrementar sua investida contra as conquistas operárias em todo o planeta, mas que esta situação abriria uma etapa política de ascensão de governos de direita ou extrema-direita nos países mais castigados pela débâcle financeira, como o crescimento de grupos fascistas e neonazistas. A verdadeira intervenção da Troika na economia espanhola e os ataques do governo facistizante de Rajoy contra os trabalhadores apontam nesta trágica direção, colocando ainda mais na ordem do dia a construção de uma verdadeira resistência operária e revolucionária através da ação direta da classe ao governo do PP, o que passa bem longe da plataforma do movimento dos "indignados" apoiado pelos revisionistas de todos os matizes mas já em franco retrocesso, que não faz mais que repetir como uma roupagem "modernosa" as velhas fórmulas socias-democratas como “regular os mercados”, “taxar os investidores” e clamar por “justiça social”.