segunda-feira, 16 de abril de 2012



Vereador Elias Vaz, PSOL (MTL), candidato a prefeito pela “frente de esquerda” em Goiânia, é “homem-chave” do esquema de Carlinhos Cachoeira

A cachoeira de lama acaba de atingir definitivamente o PSOL em Goiás. As gravações da Operação Monte Carlo revelaram nos últimos dias as relações da quadrilha do empresário/bicheiro com o Ministério Público de Goiás. O órgão é comandado por ninguém menos que o irmão do senador Demóstenes Torres. Em um diálogo Cachoeira pede ao ex-“xerife” do DEM que converse com o irmão, Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás, para receber o vereador de Goiânia pelo PSOL e do MTL, Elias Vaz, e atendesse aos seus pedidos. O assunto é a licitação de um parque ambiental em Goiânia que será construído pela prefeitura do PT. Elias Vaz, representando os interesses de Cachoeira, queria barrar a obra para que esta não fosse feita por uma empreiteira concorrente da construtora Delta ligada ao bicheiro. Obviamente, todas as “denúncias” de Elias Vaz ao Ministério Público (MP) foram feitas em nome da “ética na política”... munidas de vídeos e gravações fornecidos por Cachoeira e seus arapongas, em um modus operandi igual ao usado pelo então vestal Demóstenes Torres no Senado!

Como reconhece Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás, ele confirma que seu irmão Demóstenes intermediou o encontro: “Sim, ele pediu para que eu atendesse o vereador Elias Vaz. Aquelas informações que o vereador trouxe eu encaminhei para o promotor da execução. Essa decisão se encontra ainda no Judiciário” (G1, 14/04). O megacontraventor ordenou que Demóstenes acionasse Benedito para receber o vereador do PSOL a fim de que este fizesse uma representação no MP de Goiás para barrar licitação do Parque Mutirama, na capital goiana, já que seria prejudicado em um negócio bilionário. Demóstenes, como nos episódios anteriores, prontifica-se a pedir a interferência do irmão: “Vou ligar lá. Te ligo daqui a pouco” (Idem). O fato é que Elias Vaz integra informalmente a bancada aliada do governador Marconi Perillo (PSDB), financiada por Cachoeira na Câmara de Goiânia e adversária do prefeito do PT, Paulo Garcia. O petista estava direcionando a obra do Parque Mutirama para outra empreiteira, ligada ao esquema petista e logo Elias saiu a denunciar “irregularidades” na licitação para barrar a obra e, no mínino, chegar a um acordo para o “bem de todos”, leia-se, para dividir o botim estatal entre as quadrilhas burguesas, como é forçado a admitir o vereador do PSOL diante das gravações da PF: “O encontro que tive com o Senhor Carlos Cachoeira para tratar de assuntos da Prefeitura de Goiânia, foi realizado a pedido da própria administração municipal. A pauta da reunião seria um possível acordo para contornar a crise da compra de brinquedos usados para o Parque Mutirama” (Site do Elias Vaz).

Elias é pré-candidato da “frente de esquerda” entre PSOL e PSTU a prefeitura de Goiânia, estando em segundo lugar nas pesquisas, atrás a apenas do prefeito Paulo Garcia que busca a reeleição. O escândalo envolvendo-o com Cachoeira, atingiu em cheio o prefeiturável da coligação PSOL/PSTU, que para se defender do tiroteio político nessa verdadeira guerra de quadrilhas, denunciou que o chefe de gabinete da prefeitura do PT, Cairo de Freitas, exonerado dias depois, também havia se encontrado com Cachoeira. Como revela o Jornal Tribuna de Anápolis: “A informação de que Cairo participou de reunião com Cachoeira foi divulgada pelo vereador Elias Vaz (PSOL), outro pré-candidato que viu a sua situação se complicar após as revelações da Operação Monte Carlo. Vaz foi apontado pelo portal Brasil 247, na segunda, 26, como ‘porta-voz’ do empresário na Câmara de Goiânia. Um dia depois, o vereador subiu à tribuna e revelou o envolvimento de Cairo de Freitas com o bicheiro. Assim como Demóstenes no Senado em relação ao governo federal, o vereador Elias Vaz é o opositor mais agressivo do prefeito Paulo Garcia. Foi ele quem questionou a compra dos brinquedos do Mutirama e criou todo o imbróglio para o petista. Tem uma ligação forte com o PSDB do governador Marconi Perillo. Prova disto é que seus maiores aliados na Câmara são dois tucanos – os vereadores Maurício Beraldo e Geovane Antônio, ambos também citados na reportagem como prováveis participantes do esquema de Cachoeira. Após as denúncias, resta saber se o vereador ainda terá fôlego para articular sua candidatura” (Jornal Tribuna de Anápolis, 15/04).

O PSOL, como um partido integrado plenamente o regime burguês, está mergulhado neste esquema de corrupção estatal até o pescoço. Lembremos que logo no início das “denúncias” contra Demóstenes o senador Randolph Rodrigues eleito pelo PSOL do Amapá com o apoio do oligarca José Sarney, saiu em defesa do “probo” xerife direitista contra as “precipitações da mídia” e chegou a fazer uma fala da tribuna acerca do “julgamento sem precipitações” em relação ao parlamentar do DEM! Só depois das novas revelações ficou insustentável manter o script para blindar o ex-promotor de justiça de Goiás metido a vestal e logo o PSOL deu um giro de 180º graus, tendo o mesmo palhaço Randolph protocolado uma representação contra o senador do DEM por quebra de decoro parlamentar, visando capitalizar o escândalo como paladino da “ética na política”. Agora é a vez de Elias Vaz, do MTL, ser pego defendendo diretamente os interesses de Cachoeira e sua máfia de sangria aos cofres públicos!

Por fim, cabe a pergunta: como se portará agora o PSTU diante dessas denúncias a seu tradicional aliado em Goiânia? Ficará calado? Não é demais recordar que em 2010 o PSTU conformou em Goiás uma frente eleitoral com o mesmo MTL, então o mais aguerrido defensor de que o PSOL apoiasse Marina Silva à presidência da república e favorável a que o partido recebesse contribuições de empresários em suas campanhas eleitorais, a exemplo do ocorrido no Rio Grande do Sul, quando Luciana Genro recebeu uma bolada do grupo Gerdau. Na época, denunciamos que para nós não havia grande surpresa no fato do “ortodoxo” PSTU, que alegava ter rompido com a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a presidente por pretenso apego ao “programa socialista”, se aliasse com o PSOL em Goiás, controlado por Martiniano Cavalcante e seu MTL. Não por coincidência, a aliança eleitoral entre PSTU e MTL para o governo do estado de Goiás em 2010 foi precedida do próprio acordo sindical entre essas forças no Conclat, o fracassado “Congresso de Unificação”. Esse pacto está vigente até hoje, já que o MTL irá participar do congresso da CSP-Conlutas que ocorrerá no final de abril. Naquele momento alertamos que o acordo podre de bastidores selado pela direção do PSTU e MTL estava baseado em uma enorme concessão do PSTU no campo do programa e na acomodação burocrática de aparatos completamente distantes das necessidades da luta direta dos trabalhadores. Foi uma negociação tanto no campo sindical, privilegiando a representação do MTL, membro da ala direita do PSOL, na direção da “nova central”, como no próprio campo eleitoral e partidário. Hoje essa aliança torna-se ainda mais escandalosa, além de Elias Vaz estar envolvido até o último fio de cabelo no esquema Cachoeira, sendo um aliado do próprio PSDB em Goiás, a deputada estadual pelo PSOL, Janira Rocha, também do MTL e dirigente do Sindsprev-RJ, um dos principais sindicatos filiados a Conlutas, é ardorosa defensora da aliança entre PSOL e PV de Gabeira para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro!

Como se vê, a correnteza da corrupção burguesa do esquema de Cachoeira chegou com toda força ao PSOL, arrastando para a lama esses falsos vestais “socialistas”. Não duvidamos que o PSTU, que está levando uma “pontinha” da Casa Branca para defender a fantasiosa “revolução árabe” made in CIA no Oriente Médio, na verdade uma contrarrevolução aberta para derrotar as massas árabes, fique em completo silêncio diante das corrompidas relações de seu fiel aliado, o MTL, com a burguesia e a mafiosa direita demo-tucana! Quem viver (ou sobreviver) verá!