quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Ásia para os americanos”: provocação contra a China é parte da “nova estratégia” belicista de Obama

Quase ocultada pela “grande mídia”, há cerca de duas semanas a disputa pelo arquipélago situado no Mar da China (meridional) vem servindo de pretexto para o imperialismo ianque lançar novas provocações contra a China. As Filipinas violaram o território chinês a fim de reivindicar para si, entenda-se para os EUA, o domínio colonial das centenas de ilhotas no Mar da China, desabitadas, porém ricas em jazidas de petróleo e gás natural. “Os EUA viraram a página após uma década de guerra no Afeganistão e no Iraque e, oficialmente, dirigem seus olhos à crítica região da Ásia e do Pacífico”, proclamou no início do ano, Barack Obama em sua “doutrina” voltada para cercar a China. Manobras militares acontecem de forma sistemática desde o dia 22 de abril, envolvendo as forças navais das Filipinas, EUA, Japão, Austrália e Coreia do Sul, as quais já ocuparam a ilha de Huangyan, onde realizam simulações de guerra. Em contrapartida, China e Rússia deslocaram armadas para as proximidades da ilha: quatro mil homens, 16 navios, cinco destróieres, 13 aviões de guerra, navios de combate, cruzadores de mísseis etc., o que somente aumenta o nível de tensão bélica nesta região do globo terrestre. A crise iniciou-se no dia 10 último, quando navios militares filipinos tentaram prender pescadores chineses que trabalhavam nos atóis de Scarborough. Pequim argumentou que os filipinos violaram o território chinês e impediram as prisões. Assim, estavam colocadas as escaramuças e iniciadas as provocações tanto para intimidar a China, “aliada” da Coréia do Norte, como parte dos preparativos da futura guerra ao Irã.

A estratégia de defesa do Pentágono tem a China como alvo e por isso intensifica suas manobras no Oceano Pacífico: “EUA e Filipinas têm um tratado de defesa comum que garante nosso compromisso na proteção mútua” (Terra Notícias, 23/4), afirmou o tenente-general Duane Thiessen, comandante dos soldados americanos no Pacífico. Evidentemente que as “intenções” ianques não se resumem à questão meramente petrolífera. Trata-se, não obstante, da expansão de seu domínio geopolítico e militar na região em litígio, ou seja, visa não só minar a influência chinesa nesta parte do globo, como principalmente “ganhar terreno” em direção a Coreia do Norte a fim de enfraquecer a todo custo o Estado operário. De quebra, pressiona militarmente a China visando neutralizá-la diante da futura agressão imperialista ao Irã. Não por coincidência, as tensões subiram de tom pouco depois que Kim Jong-un anunciou seu próximo teste nuclear: “A República Popular Democrática da Coreia (RPDC), já realizou dois testes em 2006 e 2009, utilizando plutônio. Desta vez, ela poderia usar urânio enriquecido por ele. Um eventual sucesso lhe permitiria desenvolver mais facilmente com um arsenal, incluindo ogivas nucleares para os mísseis” (Le Monde, 25/4).

A mídia murdochiana qualifica a China como uma grande potência imperialista aliada, por exemplo, a Coreia do Norte, no que é grotescamente imitada pela esquerda revisionista do trotsquismo. A realidade, no entanto, é bem distinta deste mundo idílico. A China, após a restauração capitalista, se transformou no maior entreposto comercial e industrial do mundo, uma grande consumidora de commodities e é nisto que consiste a sua “exuberância” econômica. Caracteriza-se por ser uma economia semicolinal com fortes induções estatais, remanescentes da herança stalinista. Em suma, por maior que seja o crescimento do PIB chinês, a hegemonia militar em todo o planeta concentra-se plenamente nas mãos da Casa Branca. A China, sendo um país capitalista, com pesados investimentos do imperialismo, certamente se vergará às pressões, assim como a própria Rússia o faz também no papel de semicolonia dos EUA em que se transformou após a destruição do Estado operário soviético. Não por acaso, Putin acaba de autorizar a instalação de uma base militar da OTAN na cidade onde nasceu Lênin. Ambos governos, por não terem autonomia política perante o imperialismo, vão capitular no quesito enfrentamento aberto com as grandes potências capitalistas ianque e europeias, como já o fizeram na guerra de rapina contra a Líbia e agora vem ocorrendo na Síria, com a aceitação dos observadores-espiões da ONU. Obama foi claro ao explicar sua nova “doutrina”: “Nosso exército será menor (do que o da China), mas o mundo deve saber que os EUA manterão sua superioridade militar, com forças armadas que serão de intervenção imediata e dispostas a enfrentar qualquer eventualidade e qualquer ameaça”.

A nova campanha militar na região está eminentemente voltada para colocar em prática a fragmentação territorial da China e, com isto levar à desestruturação social, política e econômica do país. A Casa Branca e o imperialismo europeu vêm realizando um operativo para desestabilizar o país, tal como aconteceu com a questão da independência do Tibet, o estímulo ao separatismo islâmico e muçulmano em algumas províncias chinesas por força atuante da CIA, sabotagens amplamente aceitas e apoiadas pela esquerda revisionista do trotsquismo como fazem os morenistas da LIT em nome de um “Tibet Livre”. As constantes provocações contra o Estado nacional chinês cumprem, em última instancia, o objetivo de acabar com qualquer possibilidade de que algum regime ao redor do planeta se oponha ainda que minimamente ao “american way life”, como são os casos específicos da Coreia do Norte e Irã. Somente a revolução proletária, encabeçada por um autêntico partido revolucionário poderá retomar o controle para si da economia planificada na China e o controle do Estado por parte dos trabalhadores e enfrentar frontalmente a barbárie imperialista rumo à construção do socialismo.