terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TPOR reclama que a assassina Tropa de Choque da PM baiana foi vítima de “infâmia”!

A TPOR é conhecida por sua defesa entusiasta das greves policiais. Portanto, não foi para nossa surpresa que esta corrente revisionista do trotskismo declarou ser uma “infâmia” a acusação de que os policiais grevistas impuseram na Bahia um estado de terror contra a população trabalhadora durante os 12 dias de paralisação, ampliando a matança contra os pobres e negros que praticam em seus dias “normais” de expediente. Seu manifesto de apoio à greve faz um chamado em tom de profunda revolta: “É fundamental desmascarar a farsa montada pelos governos e pela imprensa em torno da infâmia de que a greve da polícia é criminosa e que tomam parte dela aqueles dispostos ao ‘vandalismo’, ‘terrorismo’. Demonstrar que a greve tem por base a difícil situação das famílias dos policiais que ganham baixos soldos” (Sítio Massas, 12/02). Espertamente, a TPOR quer nos fazer crer que o verdadeiro extermínio aos moradores de rua em Salvador, conhecido como “faxinaço” ou a ameaça dos policiais colocarem fogo em carretas em via pública, foi simplesmente uma invenção da mídia e do governo do PT para isolar a greve! Os mais de 160 mortos, em sua maioria pobres e negros, assim como as gravações do mafioso líder grevista, o direitista Marco Prisco, ligado ao PSDB, organizando a queima de caminhões de carga em plena BR para forçar as negociações, não deixam dúvidas que tais fatos não se trataram “apenas” de mais uma campanha arquirreacionária e fantasiosa da Rede Globo contra uma singela greve de “combativos” trabalhadores, como cinicamente tenta nos apresentar a TPOR usando como escudo o justo ódio popular contra a TV dos Marinhos, que hoje vende seus serviços para a frente popular!

A TPOR copiou esta posição escandalosa de apoio às reacionárias greves policiais do falecido dirigente máximo do POR boliviano, Guillermo Lora. Ele chegou a afirmar a seguinte “pérola” sobre o caráter das polícias: “uma frente antiimperialista pode englobar a polícia em seu conjunto, como instituição e não unicamente a uma facção antifascista” (Resposta ao impostor Nahuel Moreno, página 48). Não por acaso, esta seita brasileira, que hoje não passa de linha auxiliar do PSTU morenista que antes tanto criticava seu “guru” messiânico, chega ao extremo de “vender” o conto que os policiais em sua “luta salarial” buscaram a unidade com os operários um pouco antes do golpe militar de 1964! Em seu delírio ultrassindicalista, esses revisionistas defendem serem progressistas as reivindicações da polícia que serviu a ditadura militar para assassinar e torturar militantes de esquerda nos porões do DOPS e da OBAN!!! Exagero da LBI? Nada disso, deixemos que a própria TPOR se autodenuncie em sua cantilena reacionária: “A burguesia não pode nem imaginar que uma greve dos policiais venha confluir com uma situação de greves operárias. Lembremos que os movimentos no interior desse braço armado do Estado não é novo. Antes do golpe de 1964, houve importantes conflitos nesse sentido. A ditadura disciplinou todo o aparato, assim como fez com os sindicatos e toda vida política. No pós-ditadura, principalmente a partir de 1995, os policiais se animaram em reivindicar salário e condições de ‘trabalho’. Os governos fortaleceram o aparato, mas pouco fizeram para elevar os salários” (Sítio Massas,12/02). Esses estúpidos veem com simpatia o fato dos chacais do DOPS e da polícia militar reivindicarem serem melhores remunerados para caçar e matar os militantes que combatiam a ditadura militar! Informamos a TPOR que Roberto Marinho, Octávio Frias com sua Folha de São Paulo, o grupo Ultragaz e seu “comandante” Henning Boilesen assim como vários empresários também muito preocupados em “elevar os salários” dos policiais fizeram caixinhas milionárias para dar “melhores condições de trabalho” a seus serviçais civis e de farda!

E que não nos venha a TPOR “forçar a barra” e comparar as reacionárias greves policiais de hoje ou mesmo de 1995 com o levante dos cabos e soldados da marinha brasileira contra o comando militar e em defesa de sua organização sindical e política ocorrido em uma etapa pré-revolucionária às vésperas do golpe “cívico-militar” de 1964! São movimentos de móveis políticos absolutamente distintos. Os revolucionários devem aferir o apoio a estes movimentos a partir de critérios políticos e não economicistas, impulsionando a defesa dos direitos políticos e democráticos da tropa como em 64 e rechaçando os movimentos de caráter reacionários como as atuais greves policiais que reivindicam melhores salários para aperfeiçoar sua atuação na repressão aos explorados. Até porque como nos ensina Trotsky em sua famosa História da Revolução Russa: “Os policiais são inimigos ferozes, implacáveis, que odeiam e são odiados. Nem sequer pensar em ganhá-los... É diferente com os soldados: a multidão busca por todos os meios evitar confrontos hostis com eles; pelo contrário, busca maneira de influir neles a seu favor, convencer, atrair, fraternizar, fundir-se”. Como se vê, não existe um sinal de igual entre os soldados e cabos da PM com os recrutas e militares de baixa patente das FFAA.

Buscando sensibilizar ingênuos ou tolos de ocasião, a TPOR ainda sai em defesa das famílias dos “pobres” policiais, assassinos de trabalhadores, inimigos de nossa classe! Para isso afirma descaradamente que “O Estado burguês recruta entre as famílias pobres milhares de jovens que ingressam na polícia como tábua de salvação. Mas os submetem a um soldo que mal dá para viver... Em casa, com sua mulher e filhos, não se distinguem socialmente dos explorados. Daí a importância das mulheres nas greves policiais. Eis por que afirmamos que na reivindicação salarial e no uso do método da ação direta coletiva se manifesta a luta de classes deformada e limitada”. Mais uma vez somos obrigados a recorrer ao “velho” para demolir as supostas justificativas “sociológicas” de porque deveríamos ser solidários a greve policial. Para Trotsky “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador” (E agora, questões vitais para o proletariado alemão, 1932).

Apesar de usar todo seu malabarismo político, a tentativa da TPOR em dotar a greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Para realizar a pirueta de apoiar a greve das PMs sem manchar-se com o sangue derramado quotidianamente dos trabalhadores pelos policiais nos dizem com ar angelical: “O POR apoiou a greve rechaçando as reivindicações de aumento do contingente militar, ou outras que pudessem ganhar relevo como melhor armamento, mais viaturas, melhorias nas unidades militares” (Jornal Massas, 246). Desta forma busca estabelecer a política de um ovo em cada cesto, justificam o apoio à greve (baixos salários) com o mesmo argumento de que dizem oporem-se às reivindicações da greve (melhoria de condições de trabalho). Só mesmo uma organização ultra-oportunista pode fazer tantas acrobacias políticas sem o menor princípio programático. Longe das ficções criadas pela TPOR para justificar sua frente com os policiais fascistas, como se estes fossem “pobres” trabalhadores, o movimento grevista na Bahia foi dirigido pelas direções reacionárias das Associações de Cabos e Soldados da Bahia, como a ASPRA, que nunca se opuseram às prisões e repressão dos trabalhadores e estudantes. Lembremos que para Trotsky, “inclusive as frações mais avançadas (do exército) não passarão aberta e ativamente para o lado do proletariado até que vejam com seus próprios olhos que os operários querem lutar e são capazes de vencer” (Aonde vai a França?). Ou seja, a unidade do proletariado mesmo com os setores mais avançados do exército só se dará em situações pré-revolucionárias. No entanto, na falta do proletariado em cena, os loristas tupiniquins seguem a reboque dos interesses reacionários das polícias, que uma vez vitoriosos, só reforçariam o aparelho repressor do Estado burguês, garantindo a continuidade da opressão sobre o proletariado. E não adianta a TPOR dizer que se trata de mais uma “infâmia” da LBI ou cortinas de fumaça do gênero, até porque já conhecemos a verdadeira “folha corrida” da corrente lorista em apoio as forças da reação, seja no Brasil ou na Bolívia!