segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O rufar dos tambores da guerra de rapina imperialista chega ao Irã trazido pelos ventos da falsa “revolução árabe” impulsionada pela Casa Branca e apoiada pelos revisionistas!

Nos últimos dias o grau da ofensiva política e militar do imperialismo contra o Irã subiu consideravelmente. O som dos tambores da guerra fez sentir-se fortemente. Antes mesmo da visita de Ahmadinejad a Venezuela, Equador, Cuba e Nicarágua, a porta-voz do Departamento de Estado ianque, Victoria Nuland, ameaçou: “Estamos deixando absolutamente claro aos países de todo o mundo que não é o momento de aprofundar os laços, nem os de segurança nem os econômicos, com o Irã”. Logo depois foi o próprio Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, que advertiu diretamente o país persa depois do Irã fazer exercícios militares navais em resposta à presença de um porta-aviões ianque nas águas do Golfo Pérsico: “Fomos muito claros sobre o fato de que os Estados Unidos não tolerarão o fechamento do estreito de Ormuz. Esta é uma linha vermelha para nós e vamos responder”. O estreito de Ormuz tem 50 quilômetros de extensão, localiza-se entre Arábia Saudita, aliada dos EUA na região e o Irã, sendo a via por onde transita 40% do petróleo mundial transportado por via marítima. Os sinais de uma guerra das potências capitalistas contra o Irã são evidentes. Os países europeus declararam que em no máximo seis meses deixarão de exportar petróleo do Irã devido a ampliação de suas importações da Arábia Saudita, além de receberem grande quantidade de óleo cru de alta qualidade da Líbia, através dos acordos celebrados pelos fantoches do CNT com as transnacionais Total (França), a BP (Inglaterra) e a ENI (Itália). Por sua vez, como medida preventiva, um oleoduto construído pelos Emirados Árabes Unidos em colaboração com os EUA, entrará em funcionamento até junho de 2012 e transportará petróleo para os portos da costa leste do país sem a necessidade de tráfego pelo Estreito de Ormuz.

Esta ofensiva ianque contra o Irã tem como lastro as vitórias conquistas pela Casa Branca e seus aliados no último ano no Oriente Médio. É sabido que os EUA há tempos planejam debilitar ou eliminar seus adversários e “amigos” decrépitos na região. Em paralelo às transições democratizantes ordenadas que vem promovendo exitosamente na Tunísia, Egito e Bahrein, Obama conseguiu derrubar o regime Kadaffi na Líbia e está provocando um franco processo de desestabilização do governo Assad na Síria, fragilizando também o Hezbollah e o Hamas. Desta forma, Obama vem impondo um isolamento dramático ao Irã. A visita do presidente iraniano a Chávez, Ortega, Rafael Correa e Raul Castro se insere na tentativa do país romper este cerco. Mas, a conduta covarde de Chávez e dos governos da centro-esquerda burguesa latino-americana frente à agressão da OTAN na Líbia demonstrou que a “solidariedade” desses aliados parece que não vai além das palavras, quando muito! Até mesmo a Rússia, depois das manifestações patrocinadas pela Casa Branca contra Putin, está sendo forçada a que se mantenha distante militarmente de seu aliado iraniano.

Em meio a este quadro, a esquerda revisionista partidária da farsesca “revolução árabe” tem sido bastante útil para dar ares progressivos às manifestações made in CIA promovidas em países como Síria e Líbia, que servem de justificativas políticas para agressões militares “humanitárias”. Lembremos que em 2009, no Irã, os EUA colocaram em marcha a “revolução verde”, logo apoiada pelos revisionistas. Naquela época, o PSTU escreveu: “Nas últimas semanas o Irã foi sacudido por mobilizações de massas devido a denúncias de fraudes eleitorais. Apesar de enfrentarem uma dura repressão, as mobilizações colocaram em xeque a reacionária república teocrática do país controlada pelo clero xiita. O Irã passou a ser sacudido por um levante popular que exige liberdades democráticas, reprimido com grande brutalidade pelo governo. Sob a ditadura dos aiatolás, a renda petroleira iraniana foi a base para um amplo processo de enriquecimento e corrupção de distintas alas da hierarquia religiosa, seus familiares e burgueses associados ao regime. Algo semelhante ao processo que ocorreu em outros países petroleiros, como Arábia Saudita e Venezuela” (sítio PSTU, 29/06/2009).

Note-se que estes senhores colocam o regime iraniano e o chavismo no mesmo patamar político da monarquia saudita, assim como igualaram Kadaffi a Ben Ali e Mubarak! Por isso, não é demais lembrar que pouco antes de começarem as “manifestações” reacionárias em Benghazi (Líbia), patrocinadas por forças pró-imperialistas ligadas às transnacionais instaladas na cidade portuária, houve pequenas marchas de protesto no Irã contra o regime dos aiatolás. Estas “manifestações” foram apresentadas por todo arco revisionista, como levantes populares que faziam parte da “revolução árabe”. Imediatamente, estes pseudotrotskistas denunciaram o regime “ditatorial” comandado por Ahmadinejad pela suposta brutal repressão aos “protestos”, quando na verdade estas provocações não passavam de atos midiáticos promovidos pela oposição de direita pró-imperialista que não tinha a mínima base social. Logo se revelou que se tratava de mais uma orquestração do Pentágono com o apoio da mídia internacional para debilitar o regime nacionalista iraniano, no lastro da mal-chamada “rebelião verde” cinicamente apoiada por Obama e as potências europeias em nome da “democracia” após as eleições presidenciais vencidas por Ahmadinejad em 2009, que o acusaram de fraude na tentativa de criar uma crise política de grave proporções. O imperialismo não conseguiu solapar as bases do regime xiita patrocinando internamente uma falsa “revolução democrática” contra a “ditadura dos aiatolás” apoiada na oposição burguesa reformista pró-imperialista. Por esta razão, o Pentágono está preparando sem nenhum disfarce “humanitário” ou “democrático” um ataque militar ao país. Se a Casa Branca tivesse conseguido reproduzir no Irã as tais “manifestações populares” como as que orquestrou na Líbia e agora na Síria, não temos dúvidas que o PSTU e todo arco revisionista estaria a saudar entusiasticamente a “revolução” no país.

Lembremos que em 2009 o PSTU usou no Irã o mesmo script “democrático” que agora reproduz na Síria e antes usou na Líbia, acusando os que denunciaram a provocação made in CIA como partidários da “ditadura dos aiatolás”. Não se trata de “mera coincidência”... Os cretinos morenistas nos diziam na época: “Uma parte significativa da esquerda defende o governo de Ahmadinejad, classificando os protestos como uma ‘conspiração da CIA’. Dessa forma, acabam defendendo a sangrenta repressão do governo iraniano sobre as massas, alegando que ele reprime o povo para se defender do imperialismo. No entanto, esses setores da esquerda acabam prestando uma valiosa ajuda ao imperialismo, pois jogam em suas mãos a bandeira da defesa das liberdades democráticas. Isso é ainda mais nefasto quando o imperialismo apresenta um novo rosto para a dominação, o de Barack Obama, visto com mais simpatia por setores oprimidos da população”. Como podemos ver, um ataque dos EUA ao Irã contra a “ditadura dos Aiatolás” e em nome dos “direitos humanos e da democracia” deve ter a simpatia da LIT já que assim como na Síria e na Líbia as manifestações pró-imperialistas contra Ahmadinejad devem ser apoiadas, segundo a visão desses cretinos! É preciso recordar que apesar dos “rebeldes” líbios terem sido a força terrestre da OTAN, esses ratos sempre foram saudados pelos morenistas como “revolucionários” assim como o assassinato de Kadaffi pela ação conjunta das caças da OTAN com os mercenários do CNT foi apresentado como uma “vitória das massas”. Porque seria diferente no Irã? A resposta a essa pergunta já foi dada pelos próprios morenistas: em nome da vitória de sua delirante "revolução democrática” a LIT aliou-se abertamente ao imperialismo e suas agressões genocidas contra as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio!