segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

“Big Brother Brasil”: uma crítica marxista para além do lixo do “espetáculo” televisivo

Com o lançamento da 12ª edição do “Big Brother Brasil” (BBB), pelo império das comunicações da família Marinho, é muito comum ouvirmos por parte da “intelectualidade progressista” a crítica ao programa televisivo em si mesmo, ou seja, as baixarias belicosas existentes entre os “Brothers”, os corpos sarados mostrados como uma mercadoria “top line”, a microrrede de intrigas que permeia a “casa”, em resumo existe uma rejeição ao conjunto do lixo exibido no horário mais nobre da Rede Globo. Mas, pouco se lê acerca da “bigbrotherização” vigente atualmente nas próprias relações humanas, produto de um “mundo sem ideais” após a “queda do Muro”, onde o pragmatismo mercantil do “levar vantagem” pisando no pescoço do semelhante é a tônica da existência social. A ausência de uma crítica marxista mais profunda sobre a dinâmica social deste “espetáculo” global, revela a perda de referências ideológicas de uma esquerda “pós-moderna”, completamente integrada aos valores da ordem política e cultural da burguesia decadente e corrupta.

A nova edição do “Big Brother” significa mais um bombardeio ideológico sobre as massas no país. Ou seja, mesmo com queda de audiência em relação a edições anteriores, são milhões de espectadores que assistem ao famigerado “espetáculo”. Aqui, não cabe uma análise moral acerca do que representam os aspectos comportamentais dos participantes. O marxismo revolucionário, ao contrário, deve abarcar os aspectos materiais e históricos, não como simbologia – a exemplo do que “sociólogos” e “psicólogos”, a serviço do capital, costumam fazer de forma deturpada voltados para ressaltar em suma os pontos “positivos” e “negativos” do programa.

A disseminação em nível global dos chamados “reality shows” não apareceu como um raio em céu de brigadeiro. Faz parte de todo um processo de estupidificação das massas dirigido pelo imperialismo, como consequência imediata da queda do Muro de Berlim e o fim da URSS, marcando a expansão do chamado “neoliberalismo” em nível mundial. Uma população “idiotizada” é muito mais fácil de ser dominada e explorada. Tanto é verdade que o gênero começou a fazer “sucesso” a partir de 1989 (nos EUA começou com “Cops”, “Tiras, Polícia”. O nome já diz tudo)! No Brasil o elemento essencialmente político também não foi obra do acaso, faz parte de uma estratégia de longo alcance elaborada desde os porões do Pentágono. Aconteceu pouco depois dos “ataques” de 11 de Setembro de 2001, estreando em janeiro do ano seguinte.

O gênero, surgido em plena reação anticomunista dirigida pelos estrategistas da Casa Branca, no Brasil ganha força durante a cruzada imperialista contra o “terrorismo” islâmico e a ocupação do Afeganistão por parte dos “Falcões” de G. Bush. Neste sentido, por trás dos bastidores está nada menos do que uma empresa multinacional que conta com a associação da Rede Globo, a produtora de televisão Endemol, proprietária dos direitos de exibição da marca “Big Brother”, cujo contrato expira em... 2020! Até lá muito lixo vai ser despejado no Brasil, “formando” novos idiotas.

Muito além dos lucros que vão encher os bolsos dos Marinhos, o ponto fulcral para todo militante marxista, no que se refere ao BBB, é o ideológico. Senão vejamos, no início, a produção do programa deixava uma pequena margem para que um “brother” mais inteligente se destacasse dos demais tipicamente “sem-cérebro”. Hoje esta possibilidade foi vetada pelo diretor “Boninho”, já revelando um padrão social relativo ao recrudescimento do retrocesso cultural e ideológico imposto pela mídia e o imperialismo sobre as massas, principalmente a geração pós-queda do Muro de Berlim. Basta ver que os participantes são modelos “sarados”, lutadores de Jiu-Jitsu, judô etc. não raramente tatuados com suásticas nazistas e as mulheres com seus corpos “perfeitos”, perdidas em sua futilidade como um produto de uma “prateleira”. Em síntese, “mauricinhos” e “patricinhas” disputam entre si quem leva a vantagem sobre o outro, não importando os meios, por mais belicosos que sejam. O que impera, sobretudo, é a “lei da selva” de acordo com que impõe atualmente o regime capitalista, em todos os níveis.

Cabe, portanto, aos marxistas dizer a verdade por mais dura que seja. Hoje, a grande massa vive sob a tutela alienada da tecnologia, da farsesca mídia “murdochiana” que desgraçadamente disciplina a esquerda revisionista, a televisão onde predominam as imagens, as mensagens fragmentadas da publicidade, o celular, as redes antissociais como o “Facebook”, as telenovelas. Quer dizer, a sociedade atual tem como padrão o individualismo e a superficialidade das relações, o culto ao “vazio”, principalmente entre a juventude, como expressão de uma época de barbárie cultural e ideológica ditada pelo Pentágono, não havendo mais espaço para uma manifestação cultural genuína, nem para a expressão do coletivo como elaboração humana. É preciso romper com este regime social bárbaro que o imperialismo nos impõe goela abaixo, e esta tarefa só pode vingar através da construção do partido mundial da revolução socialista, a Quarta Internacional.