segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

XIII Encontro de Partidos Comunistas e Operários em Atenas: um “presente de grego” para o proletariado mundial!

Neste final de semana ocorreu em Atenas, sob a coordenação do KKE, o XIII Encontro de Partidos Comunistas e Operários, com o lema “O Socialismo é o futuro”. Participaram do fórum 78 organizações que se reivindicam stalinistas ou mesmo aquelas que romperam parcialmente com sua herança teórica, mas aplicam até nossos dias sua nefasta política de colaboração de classes. Um bom exemplo do caráter oportunista do “encontro” é a própria delegação brasileira, representada ao mesmo tempo pelo PCB e o PCdoB. Enquanto o primeiro se proclama parte da “oposição de esquerda” ao governo Dilma e defende a Síria contra a agressão imperialista, o segundo é um dos pilares de sustentação da gestão burguesa da frente popular, apoiador servil da ofensiva da Casa Branca no Oriente Médio! Por aí se tem a dimensão da “unidade programática” que alicerça o encontro desses “comunistas do Século XXI”! Entretanto, é a política adotada pelo próprio anfitrião do encontro em meio à convulsão social por que atravessa a Grécia que revela cristalinamente o fato do “encontro” carecer da mais elementar estratégia de defesa da vigência da revolução proletária e do socialismo. Sob a direção de sua secretária-geral e dirigente da bancada parlamentar, Aleka Papariga, o partido tem sido um verdadeiro freio a que o proletariado grego construa uma alternativa de poder revolucionário frente à crise capitalista. Daí está explicado porque o fórum aponte que o “Socialismo é o futuro”... já que para os nossos dias a política do KKE e dos “comunistas” é de literalmente sabotar a ruptura com a ordem burguesa através da defesa da revolução proletária como única saída progressista para a humanidade frente à barbárie capitalista que assola o planeta.

O mais recente capítulo desta política nefasta foi a convocação no último dia 01/12 pelo KKE e seu braço sindical, a PAME, de uma “greve geral” de apenas um dia para mais uma vez pressionar o parlamento burguês a votar contra o plano de ajuste apresentado pelo governo da coalizão Nova Democracia-Pasok, liderado pelo primeiro-ministro “tecnocrata” Lucas Papademos. A orientação suicida de limitar as mobilizações operárias ao “lobby de massas” já havia sido levada adiante durante todo o governo Papandreu (Pasok). As seguidas derrotas do movimento de massas vêm sendo produto direto dessa política que centraliza suas ações sob a pressão as instituições do regime com fachada democrática e não dirige a mobilização com o eixo político da derrubada do governo burguês de plantão, na perspectiva da construção de uma alternativa de poder operário. Como produto dessa política, recentemente o KKE assumiu a condição de polícia para proteger o parlamento contra os anarquistas e setores mais radicalizados das marchas de protesto, taxando-os de “provocadores”, sendo por isso elogiado pelas forças de direita governamentais pela sua “responsabilidade” e “espírito cívico”! Ainda que os anarquistas caminhem pela mesma senda de “reforma” do Estado burguês apregoada pelo KKE, apenas “radicalizando na forma”, a conduta dos “comunistas” revela que estes são fiéis bombeiros frente ao aprofundamento da crise do regime capitalista. Essa conduta escandalosa do KKE tem levado inclusive ao fortalecimento da direita. A chamada “Nova Democracia”, o tradicional partido de direita grego, agora voltou ao governo nacional depois de ganhar a simpatia popular justamente por votar várias vezes ao lado dos deputados “comunistas” do KKE contra os pacotes da gestão socialdemocrata do Pasok. Os “comunistas” longe de publicitarem a necessidade da ocupação de fábricas/bancos e de impulsionar a constituição de comitês de autodefesa para enfrentar a repressão estatal, tem feito justamente o contrário, se limitado a convocar greves de 24 horas pacíficas e a defender as instituições do regime!

Como “alternativa” para a crise do país, o KKE aponta “que uma forte aliança popular seja formada por trabalhadores, auto-empregados na cidade e zonas rurais, juventude, mulheres para o derrube do poder dos monopólios, retirada da UE com poder do povo”. A saída da Grécia do Euro trata-se de uma solução política completamente distracionista para a verdadeira questão de fundo que nem os “comunistas” querem abordar, ou seja, a ruptura radical com o capital financeiro pela via revolucionária e não simplesmente com a “zona do Euro”. Depois de negar-se a chamar a derrubada do governo burguês do Pasok, agora frente à gestão de unidade nacional controlada pela direita, o KKE apresenta como proposta a “retirada da UE”. Não por acaso, tal medida protecionista, que a frágil burguesia grega até poderia chegar a recorrer desesperadamente, tem a simpatia de setores da própria direita nacional. A entrada da Grécia na chamada zona do Euro a colocou em um colapso previamente anunciado. A única “saída possível” para a burguesia grega seria a renúncia ao Euro e o rompimento com o receituário draconiano da troika, mas isso é impossível no marco estatal de uma classe dominante associada às burguesias imperialistas europeias, em especial a alemã e francesa, que se beneficiam das exportações primárias da Grécia e principalmente da jogatina especulativa de que o país é refém. Em resumo, diante da covardia da burguesia nativa, o KKE assume a defesa da tarefa... dando-lhe uma maquiagem de esquerda, mas sem questionar em nenhum momento o próprio poder burguês!

A partir do exemplo da política levada adiante pelo KKE percebe-se que as próprias resoluções políticas do “Encontro dos Partidos Comunistas” são um verdadeiro “presente de grego” para o proletariado mundial! Essa articulação oportunista não serve para a emancipação dos trabalhadores do jugo capitalista. O que os explorados precisam é reconstruir uma autêntica Internacional Comunista para lutar pela conquista do poder político para as massas trabalhadoras e pela ditadura do proletariado como foi a III Internacional conduzida por Lenin e Trotsky. Esta difícil tarefa está nas mãos daqueles que defendem a reconstrução de sua sucessora programática, a IV Internacional e não dos partidos “comunistas” em sua maioria hoje convertidos a guardiões da ordem capitalista!