terça-feira, 22 de novembro de 2011

Protestos no Egito exigem a conclusão da transição democrática

A uma semana da realização das eleições parlamentares, as primeiras após a queda de Mubarak, manifestantes retornam a histórica Praça Tahrir para exigir da junta militar que governa o país a conclusão da transição democrática iniciada no começo do ano. As eleições que fundariam a assembleia constituinte, marcadas para a próxima segunda-feira (28), estão ameaçadas diante da crise política aberta com a renúncia do governo civil interino, diante da brutal repressão que se abateu sobre os manifestantes, deixando um saldo de cerca de 20 mortos. As manifestações foram organizadas pela corrente Irmandade Muçulmana em função das evidências da inutilidade da constituinte em relação a alterar o controle dos generais sobre as instituições políticas, uma vã tentativa de enfraquecer o poder militar, soberano absoluto no Egito. Recentemente na Tunísia, uma constituinte similar foi eleita para cumprir a função distracionista de preservar o poder militar, intacto após a derrubada do ditador Ben Ali.

A Casa Branca, mentora da operação política de retirada de cena do carcomido regime de Mubarak, batizada de “revolução” pelos estúpidos reformistas, alertou os militares egípcios de que não admite retrocessos nem adiamentos no processo de transição democrática. As eleições presidenciais devem ocorrer de “qualquer jeito” e Obama já elegeu seu candidato a novo títere do país. O grande receio do imperialismo e da burguesia nacional é o crescimento cada vez maior da influência de massas da Irmandade Muçulmana, uma organização fundamentalista que abriga setores considerados “radicais” em seu interior, apesar da conversão “ocidental” de sua direção majoritária.

A conjuntura política do Egito está muito distante de configurar uma situação de “revolução”, mesmo que seja “democrática”. As massas seguem as ilusões da transição conservadora, que não destruiu os pilares básicos da ditadura, e ainda por cima reforçou o prestígio político do imperialismo ianque na região, considerado patrono da democratização reacionária. A esquerda revisionista em conjunto vem repetindo o “mantra” da burlesca revolução árabe, cumprindo assim o papel de força auxiliar da OTAN e da Casa Branca. A chave de uma intervenção revolucionária para os marxistas passa por potenciar o sentimento anti-sionista das massas e ao mesmo tempo publicitar pacientemente na vanguarda das lutas, a denúncia do reacionário processo de transição democrática, uma verdadeira armadilha para o genuíno combate socialista da classe operária no Egito.