sexta-feira, 25 de novembro de 2011

قوى الثورة المصرية
Forces révolutionnaires d’Égypte
Egypt 's Revolutionary Forces
Forças Revolucionárias do Egito

O verdadeiro caráter da falsa “revolução” no Egito

Quando ocorreu a queda de Mubarak, no início deste ano, a esquerda “oficial” de uma maneira geral saiu a festejar afirmando que se tratava de uma autêntica “revolução democrática”, afinal o ditador egípcio era odiado pelas massas, que saíram massivamente às ruas exigindo o fim de um regime corrupto e fantoche das forças sionistas. Logo após não faltaram as vozes mais oportunistas da esquerda, como a LIT, para sustentar que “finalmente se respirava a liberdade no Egito”. Outras variantes revisionistas mais delirantes sustentaram que acontecia uma verdadeira “revolução proletária” na secular terra que na história da humanidade ousou desafiar o poderoso império romano. Nós trotskystas da LBI fomos a única corrente a estabelecer uma caracterização marxiana da situação concreta, pontuando que pelo seu caráter político as mobilizações no Egito passavam muito longe de configurar sequer uma “revolução democrática”. Agora retornam os protestos da Praça Tahrir contra a paródia de uma “transição democrática” inconclusa, revelando a farsa que pariu a junta militar que controla o país.

Para não deixar qualquer sombra de dúvida acerca do eixo político que galvaniza hoje as massas egípcias, deixemos que a ala mais à esquerda e radical do movimento, do ponto de vista democrático, se pronuncie em seu último comunicado, estamos falando é claro do grupo “Forças Revolucionárias do Egito”: “Nós, a maioria das massas populares revolucionárias egípcias, soberanas em nosso território sobre nosso destino, e fonte de todo o poder no Egito, o poder que recuperamos para nós com a revolução popular e pacífica de 25 de janeiro de 2011, afirmamos nossa vontade sincera de transmitir esse poder a representantes civis eleitos – Parlamento e Presidente – até, no máximo, dia 15 de maio de 2012. Nossa revolução continua. É obrigação do Conselho Superior das Forças Armadas cumprir essas diretivas e atender as reivindicações anunciadas nesse comunicado até que se complete a transição, para representantes civis eleitos, nos prazos definidos nesse comunicado, de todos os poderes do governo do Egito. Parlamento e presidente eleitos no Egito não serão submetidos a nenhum tipo de tutela militar”.

Nunca é demais relembrar que a organização “Irmandade Muçulmana”, força majoritária no movimento está bem mais à direita, aceitando pactuar com os militares uma transição ainda mais conservadora. A “Irmandade” que iniciou os protestos de rua no último dia 19, contra a lentidão do processo de transição democrática por parte dos militares, acaba de aceitar a indicação do novo premiê, o ex-“mubarakista” Kamal Ganzouri. O gabinete anterior foi demitido pelos militares em função do seu desgaste precoce na condução da legitimação de uma Assembleia Constituinte de “araque”. O candidato escolhido pelos EUA à Presidência da República, El Baradey, também aguarda ansioso a realização das eleições, criticando o apego da junta militar ao “poder”. O governo Obama já sinalizou seu descontentamento com o “travamento” da transição, ameaçando um corte dos subsídios americanos fornecidos ao Egito.

Há todo um “clamor nacional” pela finalização do processo controlado da transição democrática, que em nada se assemelha a uma genuína “revolução democrática”. A ausência de uma direção política minimamente consequente, inclusive do ângulo da democracia burguesa plena, retarda em muito as tendências mais combativas do proletariado egípcio. Nesta conjuntura de completo embotamento da consciência da classe operária, onde não existem os elementos mais básicos de duplo poder, afirmar que está se processando uma “revolução” no Egito, serve aos interesses da confusão e distracionismo muito úteis para a verdadeira reação democrática, posta em marcha pela burguesia e o imperialismo em toda região árabe.