segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Traição apresentada como ato de soberania: Abbas irá pedir que ONU reconheça “bantustões” cercados pelo enclave sionista como sendo o Estado palestino

Está marcada para o próximo dia 23 de setembro a reunião do Conselho de Segurança da ONU em meio a 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Nesta ocasião Mahmoud Abbas, presidente da ultracorrompida Autoridade Nacional Palestina (Al Fatah), pedirá o reconhecimento da ANP como Estado de “pleno direito” com assento nas Nações Unidas. Longe de ter qualquer caráter progressista, a proposta de Abbas representa o prolongamento dos Acordos de Oslo, acrescido desta vez, com a participação da recém-cooptada direção política do Hamas para este projeto de formalização do “bantustão” palestino. Al Fatah e o Hamas querem, na realidade, pressionar possíveis “aliados” internos em Israel, como o trabalhismo e a suposta “esquerda sionista” assim como a União Europeia para que tomem posição em defesa de um acordo com as direções palestinas em torno da tese dos “dois Estados”, uma vez que Netanyahu vem ampliando selvagem e violentamente à ponta de baioneta os assentamentos de colonos israelenses sobre o território da Cisjordânia, o que fez as “negociações de paz” emperrarem, já que a ANP “exigia” o reconhecimento de um “Estado palestino” restrito à Faixa de Gaza e à Cisjordânia. Por esta “solução” uma ficção de Estado palestino conviveria lado a lado com a máquina de guerra sionista. Esta é a mesma “autonomia” que uma galinha teria dentro de um viveiro de raposas, a de ser devorada! Mesmo frente esta proposta vergonhosa, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com o apoio do imperialismo ianque lançou a ameaça: “O Conselho de Segurança é como o Governo das Nações Unidas e estou convencido de que, como resultado da ação dos Estados Unidos em estreita colaboração com outros Governos, a tentativa fracassará” (G1, 18/9). Os EUA já declararam antecipadamente que exercerão seu poder de veto.

No Brasil, o governo da frente popular declarou seu apoio à proposta da ANP. Dilma Rousseff abrirá os trabalhos da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas e em seu discurso dará o aval à “solução dois Estados”. A esquerda reformista caminha por esta mesma trilha (PT, PCdoB, PSOL, MST, CUT...) e tem hoje como princípio a defesa entusiasta deste fictício Estado, tanto é verdade que marcaram um ato público em São Paulo no dia 20 para demonstrar seu apoio à criação desta farsa de país “soberano” através do policlassista “Movimento Palestina para Todos”. A criação de um fictício Estado palestino, tal qual propugna a ANP, é em suma, uma traição histórica à causa palestina e uma impossibilidade política, pois estará restrito a pequenas faixas estéreis de seu território original, bantustões fragmentados e sem recursos econômicos e forças armadas, enquanto os nazi-sionistas continuariam com o filão, as terras férteis, a passagem para o mar e prosseguiriam com os massacres e a rapina colonialista sob as bênçãos do imperialismo ianque. Tanto é assim que  na semana passada foram descobertas (e macabramente testadas) novas armas químicas contra a população civil criadas pelo enclave de Israel.

Não será a ONU, um covil de abutres responsável por autorizar a agressão imperialista à Líbia, que terá a capacidade de “garantir” a existência de um “Estado nacional palestino” se este continua cercado e atacado por Israel, mas a luta de seu povo contra o imperialismo e o enclave sionista através da retomada dos territórios históricos pela resistência popular. Portanto, a única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição revolucionária do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sob novas bases socialistas, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista nesta região onde historicamente vários povos já viveram com harmonia e solidariedade.