segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Novas “manifestações” patrocinadas pelo imperialismo são pretexto para incremento de provocações contra a Síria

A Síria voltou a ser palco de marchas de protesto e confrontos dirigidos pela oposição de direita. Desta vez as ações ocorreram principalmente na cidade de Hama. Segundo a grande mídia burguesa e ONGs “dos direitos humanos” a soldo do imperialismo os ataques das forças de segurança do governo teriam matado somente nesta última semana de julho pelo menos 80 civis na cidade. As manifestações exigem a renúncia de Bashar al-Assad. O presidente sírio nega a repressão e alega que o exército está se defendendo do ataques de grupos armados patrocinados por Israel e o imperialismo. Como parte da ofensiva contra o regime, os EUA e a União Europeia já adotam novas sanções contra o país e acionaram o Conselho de Segurança da ONU para deliberar por medidas mais duras, inclusive usando como chantagem uma possível intervenção militar da OTAN.

Frente ao incremento da “reação democrática” pró-imperialista o governo sírio convocou manifestações em seu apoio no início do Ramadã e em repúdio às medidas anunciadas pelos EUA e a UE. Vale lembrar que a Síria foi um dos poucos países que votaram contra a “zona de exclusão aérea” imposta a Líbia na reunião da Liga Árabe justamente porque sabe que a ofensiva sobre a Líbia é parte da ação do imperialismo contra seus adversários no Oriente Médio. O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que “ainda não há as condições necessárias para uma intervenção da aliança militar na Síria” (O Estado de S.Paulo, 01/08) e acrescentou “Na Líbia, desenvolvemos uma operação baseada em um mandato claro da Organização das Nações Unidas (ONU). Temos o apoio dos países da região. Essas duas condições ainda não ocorrem quanto à Síria” (Idem). Está claro que o revés militar na Líbia não permitiu “ainda” que as potências capitalistas pudessem desferir uma nova agressão a Síria ou mesmo ao Irã. O governo ianque, porém, está fazendo tudo que está ao seu alcance para incrementar a ofensiva diplomática. Obama condenou com veemência a suposta violenta repressão às manifestações da oposição por parte das forças de segurança da Síria e pediu que o presidente Bashar Assad “cesse o massacre ultrajante”.

Apesar das poucas informações disponíveis isentas, está claro é que não se tratam de manifestações espontâneas, mas sim ações coordenadas por grupos tribais arquirreacionários. O líder oposicionista Riad Seif foi preso quando embarcava para a Alemanha, justamente o país que formalmente acionou o CS da ONU. A TV estatal síria inclusive divulgou um vídeo amador nesta segunda-feira, 1 de agosto, que mostra homens armados, na cidade de Hama, disparando contra forças de segurança e, em seguida, lançando os corpos dos assassinados no ataque nas águas do rio Orontes. A agência de notícias local, SANA, também afirmou que grupos armados “deram início a um ataque intensivo”, com uso de munição pesada e bombas do tipo Molotov contra alguns quartéis e delegacias de polícia da cidade de Hama. A cidade tem um histórico de rebelião contra o governo sírio e foi um bastião importante do grupo fundamentalista sírio Irmandade Muçulmana, aliado dos EUA e que patrocinou manifestações reprimidas em 1982.

O regime da oligarquia Assad, por seu apoio ao Hezbolah e luta contra o Israel, não é um aliado totalmente confiável aos EUA como a Jordânia ou a Arábia Saudita, ainda que tenha prestado valorosos serviços a Casa Branca. Frente a essa realidade, os trabalhadores, que são a única força social capaz de enterrar de forma progressista o regime da oligarquia Assad, devem dizer em alto e bom som que só as massas exploradas e não as forças políticas reacionárias aliadas do imperialismo podem conduzir a Síria a uma verdadeira democracia proletária, baseada na expropriação da burguesia nativa e no controle do país por um governo de operários e camponeses.